Os eurodeputados debateram com o primeiro-ministro Viktor Orbán, esta quarta-feira, as prioridades da Hungria para a sua Presidência semestral do Conselho, que teve início em 1 de julho.

"A UE precisa de mudar", defendeu o primeiro-ministro Viktor Orbán, acrescentando que a Presidência húngara pretende ser a voz e o catalisador da mudança. Segundo Viktor Orbán, a situação da UE é muito mais grave do que em 2011 - durante a primeira Presidência húngara do Conselho da UE -, mencionando a guerra na Ucrânia, a escalada de conflitos no Médio Oriente e em África, a migração, os riscos para o espaço Schengen e a perda de competitividade da Europa a nível mundial.

Viktor Orbán referiu que a Hungria seria um mediador honesto e construtivo ao exercer a Presidência rotativa do Conselho da UE, nomeadamente sobre os 52 dossiês legislativos pendentes que têm de ser finalizados, encontrando-se a postos para encetar negociações interinstitucionais com o Parlamento.

Os temas quentes da intervenção chegaram quando o líder húngaro advertiu que "sem centros de registo externos não podemos proteger os europeus da migração ilegal". "O sistema de asilo da UE simplesmente não está a funcionar. A migração ilegal conduziu a um aumento do antissemitismo, da violência contra as mulheres e da homofobia", afirmou. Propôs a realização regular de "cimeiras Schengen" e insistiu em que a Bulgária e a Roménia se tornem membros de pleno direito da zona de livre circulação até ao final do ano.

Sobre o alargamento, Viktor Orbán apelou à aceleração da adesão dos países dos Balcãs Ocidentais e salientou que "sem a adesão da Sérvia, não podemos estabilizar os Balcãs".

No final do discurso enquanto alguns aplaudiam a intervenção de Viktor Orbán os eurodeputados do grupo parlamentar 'The Left', do qual fazem parte os portugueses Catarina Martins e João Oliveira, bem como alguns socialistas, começaram a cantar a música da resistência antifascista italiana "Bella Ciao" impedindo o início da intervenção da presidente da Comissão.

A música “BellaCiao” ficou conhecida pela importância que adquiriu na luta antifascista italiana durante o regime de Benito Mussolini e contra as tropas nazis.

Do lado oposto do hemiciclo, um grupo de eurodeputados do Patriotas pela Europa, onde se incluem os deputados do Chega, levantou-se para aplaudir Viktor Orbán. O grupo, que incluiu o eurodeputado português Tiago Moreira de Sá, que continuou a aplaudir, enquanto os eleitos à esquerda continuavam a cantar.

Durante este impasse, a presidente do Parlamento Europeu Roberta Metsola exigiu respeito pela instituição, mas os eurodeputados não acederam imediatamente.

“Isto não é a Eurovisão. Isto mais parece a ‘Casa de Papel’, mas isto não é a Eurovisão, vamos respeitar a dignidade desta casa”, criticou a presidente do Parlamento Europeu, aludindo à série televisiva espanhola que voltou a popularizar esta mesma canção mais recentemente.