A morte de Jack Welch, considerado em 1999 "empresário do século" pela revista Fortune, foi anunciada pela General Electric à AFP, confirmando as informações já veiculadas pela imprensa internacional.

Filho de um maquinista de comboio, Welch já foi considerado um dos homens mais influentes da comunidade empresarial do mundo. Líder da GE durante 20 anos, transformou o grupo num enorme conglomerado, com atividades nos media e na indústria do entretenimento (NBCUniversal), finanças (GE Capital), saúde, eletrodomésticos e aeronáutica.

A capitalização de mercado da empresa passou de 12 mil milhões de dólares, quando ele assumiu a direção em 1981, para 410 mil milhões de dólares quando saiu.

"Hoje é um dia triste para toda a família GE", disse Larry Culp, CEO do grupo, num e-mail. "Jack foi o coração da GE por meio século. Ele reformulou o rosto da nossa empresa e do mundo dos negócios".

O presidente norte-americano Donald Trump elogiou no Twitter o "amigo" e "apoiante" "a quem chamou de "lenda". "Não havia outro líder empresarial como 'Neutron Jack' (...). Fizemos negócios maravilhosos juntos", disse o inquilino da Casa Branca.

Jack Welch era considerado um dos empresários mais eficazes do período pós-guerra e um dos mais imitados nas multinacionais de todo o mundo, apesar da reputação de autocrata e das demissões em massa que lhe valeram o apelido de "Neutron Jack", em referência à bomba de neutrões que mata homens, mas poupa as infraestruturas. Num livro publicado em 2001, "Jack: Sraight from the gut", ele próprio afirmou que a força de trabalho da GE havia caído de 411.000 para 299.000 nos seus primeiros cinco anos como CEO.

Welch foi também o inventor da famosa "curva de vitalidade", que classifica os gerentes em três grupos - A, B, C - a última categoria que compreende os executivos com menor desempenho e que devem ser demitidos.

Ficaria também conhecido depois de ter acusado o governo de Barack Obama de ter manipulado os números do desemprego para promover sua reeleição à presidente em 2012.

O fracasso de Welch

Jack encerrou o seu reinado com um fracasso: o veto das autoridades europeias da concorrência à fusão da GE com outro conglomerado industrial americano, Honeywell.

Nascido em novembro de 1935 em Peabody, Massachusetts, formou-se na Universidade de Massachusetts Amherst em engenharia química, tendo, aos 25 anos obtido um doutoramento em 1960 pela Universidade de Illinois.

Welch ingressou na GE no mesmo ano como engenheiro químico na divisão de plásticos e depois subiu na hierarquia até se tornar vice-presidente do conselho de administração em 1979. Essa promoção levou à sua nomeação como CEO em abril de 1981, aos 45 anos. Deixou o cargo em setembro de 2001, alguns dias antes dos ataques de 11 de setembro.

O seu sucessor, Jeff Immelt, herdou uma empresa que certamente gozava de boa saúde, mas o seu reinado foi marcado pelo 11 de setembro, o estouro da bolha imobiliária e a crise financeira.

Immelt precisou vender a NBCUniversal à Comcast, e teve que liquidar um após o outro os ativos da GE Capital, cujo papel na crise do subprime fez a GE vacilar. E a estratégia de retornar às fontes industriais marcada pela aquisição do polo de energia do grupo francês Alstom, em 2015, surgiu no momento da conscientização global do aquecimento global.

Foi o início da descida ao inferno da GE, que foi expulsa, após 110 anos, do Dow Jones, principal índice de Wall Street, e que atualmente luta pela sobrevivência.

A empresa, que chegou a ser um dos barómetros da economia americana, possui atualmente um valor corporativo de 95 bilhões de dólares na Bolsa. As suas atividades limitam-se à aeronáutica, energia e saúde.

Immelt foi substituído por John Flannery em 2017, ele próprio demitido pouco mais de um ano depois. Larry Culp, o atual CEO, tenta reviver a empresa, apesar das dúvidas dos mercados.

Casado três vezes, Jack Welch deixa esposa, Suzy, e quatro filhos de seu primeiro casamento.

Depois de se aposentar da GE, tornou-se colaborador do canal de notícias CNBC, além de escrever livros e realizar palestras.