Sirenes e alertas de emergência em smartphones soaram por volta das 07h00 locais - pela segunda vez em menos de um mês - para avisar que um míssil norte-coreano sobrevoava a ilha de Hokkaido, no norte do arquipélago japonês. O míssil sobrevoou a ilha japonesa às 07h06 locais, antes de cair no mar, a cerca de dois mil quilómetros a leste da sua costa.

"Não posso dizer que estamos acostumados. Pensem que um míssil sobrevoou a nossa cidade. Isto não é muito tranquilizador", disse à AFP Yoshihiro Saito, que trabalha na pequena comunidade de pescadores de pescadores de Erimo, em Hokkaido. "Foi bastante aterrador. Escutei que o míssil caiu a dois mil quilómetros da costa, no Pacífico", revelou Saito, acrescentando que 16 de seus colegas pescadores estavam sob a trajetória do míssil.

Os japoneses estão habituados a situações de emergência - como terremotos e tsunamis - mas não têm experiência quando a ameaça é um míssil. "Dá muito medo. O governo diz-nos para fugir para prédios estáveis, mas não podemos fazê-lo rapidamente. Os nossos colegas no mar não sabem como se proteger", comentou Yoichi Takahashi, 57 anos, responsável de pesca em Kushiro, também em Hokkaido. "Já é a segunda vez nos últimos tempos. Vamos ter dias agitados a partir de agora".

Isamu Oya, 67 anos, proprietário de um restaurante de sushi em Erimo, sente a mesma situação de vulnerabilidade: "o governo diz que temos que fugir para um prédio estável ou subterrâneo, mas aqui não existe nada disso. Não podemos fazer nada. É terrível, estamos desprotegidos".

"Fujam para um prédio ou um subsolo"

Na manhã desta sexta-feira, todos os canais, incluindo os de entretenimento, exibiam a mensagem de advertência de que um míssil balístico de médio alcance sobrevoava parte do território japonês."Fujam para um prédio ou um subsolo", avisavam os alertas enviados por um sistema de mensagens de emergência para os utilizadores nas regiões ameaçadas, enquanto soavam as sirenes do J-Alert.

Os transportes de comboios entre Hokkaido e a principal ilha do Japão, Honshu, foram suspensos provisoriamente após o disparo, mas o tráfego aéreo não foi afetado.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou que o Japão "jamais tolerará" o que chamou de "perigosa ação provocadora e que ameaça a paz mundial"."Não podemos nunca tolerar que a Coreia do Norte viole a decisão forte e unida da comunidade internacional rumo à paz, demonstrada nas resoluções da ONU, e insista neste ato ultrajante", disse Abe.