No início da sua intervenção, Jerónimo de Sousa começou por enumerar os problemas do país discutidos ao longo de três dias do Congresso, organizado no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, aproveitando para deixar uma primeira crítica ao Governo e ao Presidente da República.

Os atuais desafios que Portugal enfrenta, defendeu, podem ser combatidos "com estados de emergência excessivos e inconsequentes”, sendo que, para o PCP, são as "medidas de emergência social" a solução para os "reais perigos".

"Hoje há mais portugueses vítimas do aprofundamento da exploração, do desemprego e da pobreza que aumentaram e continuam a aumentar. Hoje há mais incertezas e inquietações em relação ao futuro das nossas vidas" atirou Jerónimo de Sousa, considerando também essencial "travar a destruição de setores económicos e assegurar o emprego e a vida de muitos milhares de micro e pequenos empresários”.

No discurso, de pouco mais de 15 minutos, o secretário-geral comunista reclamou ainda “os avanços” que disse terem sido conseguidos pelo partido e que levaram a bancada comunista a abster-se e a viabilizar o Orçamento.

“Alternativa política que não é possível só com o PCP, mas também não será possível sem o PCP”, disse Jerónimo, eleito pela quinta vez. A alternativa política, de esquerda, precisa da “convergência de democratas e patriotas, da luta dos trabalhadores e do povo” e do “reforço do partido, afirmou.

E sem nunca o citar, criticou o Bloco de Esquerda por ter ficado de fora do entendimento para viabilizar o Orçamento do Estado, esta semana.

É certo que, admitiu, foi um "caminho de ficou curto porque o PS não se liberta das suas escolhas e opções", que o PCP associa às "políticas de direita".

"Mas enquanto alguns desistiam, se há avanços, medidas consagradas dirigidas aos trabalhadores, aos reformados, às pequenas empresas, à cultura, ao Serviço nacional de Saúde e aos seus profissionais, todas têm a marca, a contribuição, a proposta do PCP", afirmou.

Jerónimo de Sousa garantiu também aos delegados não estar “a prazo datado, nem em período experimental”. A frase foi improvisada, não estava discurso escrito distribuído pelo partido e surgiu quando se referiu às votações feitas no congresso e pelo comité central.

“Não estamos aqui a prazo datado, nem em período experimental, mas sim disponíveis para fazer o que temos de fazer, o que o congresso decidiu”, disse, na única referência a questões internas do partido e do congresso.

Depois de dias e semanas e polémicas sobre o PCP realizar o seu congresso em tempo de pandemia, e num fim de semana alargado de recolhimento obrigatório, Jerónimo justificou-se e falou em “ensinamentos”.

Ou seja, que “não existe nenhuma dificuldade intransponível para garantir a segurança sanitária e o exercício de direitos e liberdades”.

“Temos essa tese irrefutável que os direitos defendem-se exercendo-se”, disse.

Comunistas encerraram trabalhos com hinos e palavras de ordem pelas 12:30

O XXI Congresso do PCP terminou hoje cerca das 12:30, após o discurso do secretário-geral eleito, com os hinos “Avante Camarada” e a Internacional, e os delegados de pé e punho erguido.

Os delegados ouviram por fim o Hino Nacional e os trabalhos foram declarados encerrados às 12:28, no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, com alertas de que “é absolutamente essencial” que, na saída, cumpram o “distanciamento físico” e as medidas de proteção sanitária.

Também por razões sanitárias, foi pedido aos delegados que deixassem as cadeiras no lugar, ao contrário do que é habitual nos congressos comunistas, em que todos participam na arrumação do local no final dos trabalhos.

“Assim se vê a força do PC” e “PCP/PCP” foram as palavras de ordem proferidas pelos delegados, que empunhavam as bandeiras vermelhas comunistas, num ritual que foi breve.

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