"Fico espantado de ouvir, por exemplo, Rui Rio afirmar que, `primeiro, encontrava-se a resposta plena da oferta e, depois, viria a redução dos passes sociais´. Ouvir isto de alguém que pertence a um partido que governou Portugal durante quatro anos, desmantelou praticamente o setor ferroviário, reduziu barcos e autocarros, vir agora, numa lamúria, dizer que era preciso primeiro encontrar a resposta da oferta... O que nós dizemos é que isto é um grande avanço e agora é necessário dar condições para o desenvolvimento oficial, mais barcos, mais autocarros capazes de responder esta lei avançadíssima", afirmou Jerónimo de Sousa.
O líder comunista falava aos jornalistas no interface entre comboios e metropolitano do Cais do Sodré, em Lisboa, embora reconhecendo que existem "problemas nos transportes ferroviários e marítimos" e "falta de condições devido à redução da oferta".
"É importante assinalar mais um passo adiante nesse grande avanço que foi a redução do custo dos passes sociais intermodais, uma medida que envolve o passe familiar, o que significa que muitas famílias de trabalhadores vão encontrar aqui mais uma redução nos custos dos transportes com todas as consequências que terá, designadamente para cerca de 100 mil famílias de trabalhadores", continuou.
Jerónimo de Sousa afirmou o "compromisso" dos comunistas "para a próxima legislatura" de "garantir que este avanço não esteja dependente da decisão do Governo", mas que este "direito conquistado" tenha "efetividade e continuidade", destacando que a iniciativa também é "das medidas mais avançadas e modernas na redução do carbono e melhor ambiente".
Questionado sobre as polémicas em torno da Proteção Civil, o secretário-geral comunista evitou acrescentar mais comentários à posição já conhecida do PCP em relação às golas antifumo inflamáveis distribuídas às populações no programa "Aldeia Segura-Pessoas Seguras", optando por reiterar que devem ser apuradas todas as responsabilidades e agir-se em conformidade.
“É conhecida a posição pública por parte do PCP. Consideramos que esse esclarecimento e esse apuramento da verdade é fundamental, mas faço um apelo: comparado com o alcance desta medida que estamos aqui hoje a sublinhar e a registar, naturalmente as coisas mostram uma grande diferença. Somos pela proposta, pela construção", destacou.
Quanto às notícias, hoje conhecidas, sobre os contratos com o Estado realizados por uma empresa da qual o filho do secretário de Estado da Proteção Civil é sócio, o secretário-geral considerou que "não basta levantar suspeitas, é preciso a prova" e afirmou que o PCP "sempre pautou a sua ação pela transparência".
Questionado sobre declarações da véspera do ministro da Economia sobre a necessidade de alterar a lei da greve para lidar com novos fenómenos como as recentes paralisações de enfermeiros ou motoristas de matérias perigosas, Jerónimo de Sousa defendeu que a greve é um direito constitucional inalienável e mostrou preocupação face à eventual intenção governamental de mexer na legislação.
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