“Sem uma clarificação por parte do PS é um bocado, sem sentido, estar a definir, a essa distância de tempo, uma solução”, afirmou o líder comunista durante um almoço convívio na capital do Alto Minho, que reuniu mais de 200 militantes.
Jerónimo de Sousa, que reagia à posição assumida pelo dirigente socialista Porfírio Silva em entrevista ao DN, acrescentou que “a definição dessa agenda faz-se a partir de coisas concretas”.
“Nós hoje valorizamos muito os avanços alcançados durante o tempo da nova solução política mas a verdade é que cada vez mais somos confrontados com constrangimentos que podem determinar muito do futuro”, sustentou.
Porfírio Silva defendeu que a esquerda tem de “pensar numa agenda para a década”, mostrando ao país que é tão capaz como “os outros” de garantir a estabilidade governativa.
Em entrevista ao Diário de Notícias (DN), o membro do Secretariado Nacional do PS e dirigente próximo de António Costa excluiu as eleições autárquicas do âmbito do acordo, para que não prejudique “a eficácia, a solidez e a estabilidade da maioria parlamentar”.
“Temos de aumentar a ambição. E isso para mim significa responder a esta pergunta: que legado queremos deixar ao país ao fim de duas legislaturas? Estou a pôr a questão em termos de ambição estratégica”, acentuou.
Para Jerónimo de Sousa, a definição dessa agenda depende da capacidade de serem “vencidos os constrangimentos que, quotidianamente, são impostos”.
“Estas exigências, esta pressão, esta chantagem da União Europeia (UE). Na semana passada foi o presidente do Eurogrupo a querer dar lições e a impor soluções porque não gostam desta solução política. Obviamente, se não vencermos estes constrangimentos que, quotidianamente, nos são impostos – uma vez é défice, outras vezes é a dívida, outras vezes é o euro, outras vezes são os mecanismos e os tratados da UE – não poderemos determinar o futuro”, sublinhou.
O líder comunista disse que “felizmente tem havido uma grande clareza com o PS, uma grande franqueza e honestidade de relacionamento” mas destacou que “a bota não bate com a perdigota”.
“Nós precisamos de crescer, de criar mais riqueza, de um desenvolvimento económico soberano, mas depois estes senhores a dizerem-nos que não podemos fazer isso. Isso é um problema que temos que resolver”, defendeu.
Questionado sobre o anúncio feito, na sexta-feira, pelo Presidente da República de que a agência de ‘rating’ Fitch iria manter a notação da República Portuguesa inalterada, Jerónimo de Sousa afirmou que as suas declarações saem reforçadas com esses dados.
“É mais uma expressão do que acabo de dizer. Esta pressão sistemática, esta chantagem. Como é que é possível um país estar dependente de uma agência de ‘rating'”, questionou.
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