O cabeça de lista da CDU visitou esta tarde a Feira do Livro de Lisboa, acompanhado pelo secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.
À chegada ao recinto, dirigiram-se ambos à banca das Edições Avante!, onde Paulo Raimundo deixou uma sugestão de leitura: o livro infantil “O burro tinha razão”, inspirado num conto da autoria do histórico líder comunista Álvaro Cunhal.
“A minha filha é fã. Resolve noites difíceis para as crianças, mas também é capaz de despertar algum interesse para os adultos, porque há aqueles que duvidam que os burros às vezes também têm razão”, ironizou.
Entre bancas e trocas de palavras com alguns livreiros, João Oliveira recusou oferecer qualquer livro a outro candidato, salientando que, até ao momento, também ainda não recebeu nenhum.
“Ao contrário dos outros candidatos, nós aqui cumprimos as promessas que fazemos. Até agora, toda a gente fez ofertas, mas ainda não recebi livro nenhum. Por isso, não faço promessas que não cumpro, faço sugestões de leitura”, disse.
Essa sugestão, dirigida a todos os candidatos, é o livro “Viagem a Portugal” de José Saramago, prémio Nobel da Literatura e militante do PCP, que João Oliveira admitiu ter lido emprestado, e considerou essencial para quem se está a candidatar ao Parlamento Europeu.
“Certamente que ficavam com uma boa referência daquilo que é mais relevante para o Parlamento Europeu, que é ter presente a realidade do país. De olhos postos na ‘Viagem a Portugal’, certamente há de haver decisões mais acertadas relativamente às opções que têm de ser fazer lá”, disse.
Ao longo do trajeto, Paulo Raimundo foi desafiando João Oliveira a gastar dinheiro, porque “alguém tem de pôr a economia a funcionar”, e na banca E-Primatur, editora que funciona à base de ‘crowdfunding’, o cabeça de lista da CDU recuou seus tempos em que foi líder parlamentar do PCP.
Depois de ouvir o livreiro a explicar-lhe que os livros são anunciados uns meses antes para que os leitores possam apoiar a sua publicação, garantindo uma base económica para a edição e recebendo-os mais barato, João Oliveira pediu para se imaginar se “isso fosse uma política do Estado”.
“A gente com a nossa luta há uns anos conseguiu recuperar as bolsas de criação literária. Hoje já levamos outras propostas… Já me dedico pouco a escrever projetos de lei, mas se calhar ainda dou uma ajuda nisso”, gracejou.
Mais à frente, o editor José Oliveira, que também integrou a delegação da CDU que esteve na Feira do Livro, mostrou a Paulo Raimundo e João Oliveira o livro “O Pato Camponês”, da autoria de Martin Waddell e Helen Oxenbury, que conta a história de um conjunto de animais que, numa quinta, se revoltam contra o proprietário por não trabalhar e usufruir da sua produção.
“Onde há patos, há luta”, gracejou, acrescentando que o livro retrata a "luta de classes no campo".
Em declarações aos jornalistas, João Oliveira disse que decidiu deslocar-se hoje à Feira do Livro para salientar a intervenção que se pode ter no Parlamento Europeu em defesa da língua portuguesa, da literatura e da cultura.
“A política da valorização da língua e da literatura portuguesa não deve ser feita numa perspetiva fechada, mas daquilo em que a nossa língua e literatura também se enriquecem no contacto com os outros, no intercâmbio e diálogo cultural”, disse.
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