O que precisa saber

  • Um juiz federal brasileiro, Rogério Favreto, ordenou este domingo a libertação imediata do antigo Presidente. A decisão surgiu depois de o tribunal de Porto Alegre ter aceitado o pedido de ‘habeas corpus’ interposto pelo antigo chefe de Estado brasileiro;
  • Duas horas depois, o juiz federal João Pedro Gebran Neto, relator na operação Lava Jato, suspendeu a libertação de Lula da Silva;
  • Ao final da tarde, o juiz federal Rogério Favreto volta a ordenar libertação e dava uma hora para que Lula saísse da prisão.

O juiz federal Rogério Favreto voltou a determinar a libertação do ex-presidente Lula da Silva.

A nova ordem dada por Rogério Favreto diz que Lula da Silva deveria ter sido libertado até uma hora depois da decisão, tomada por volta das 16:12 (20:12 Lisboa). O prazo já foi ultrapassado, mas o ex-presidente permanece preso na sede da polícia federal na cidade de Curitiba.

Rogério Favreto manteve a sua decisão com base no argumento de que Lula da Silva tem intenção de disputar as eleições e não teria igualdade de condições em relação aos outros candidatos já que não pode conceder entrevistas ou participar em debates políticos dentro da cadeia.

Horas antes, o relator da Lava Jato em segunda instância, o juiz João Pedro Gebran Neto, havia emitido um despacho determinando que a polícia brasileira não cumprisse a ordem de libertar o ex-Presidente emitida hoje por Favreto.

"Para evitar maior tumulto para a tramitação deste ‘habeas corpus’, até porque a decisão proferida em caráter de plantão poderia ser revista por mim, juiz natural para este processo, em qualquer momento, determino que a autoridade coatora e a Polícia Federal do Paraná se abstenham de praticar qualquer ato que modifique a decisão colegiada da 8.ª Turma", determinou João Pedro Gebran Neto.

Guerra judicial. Juiz federal, relator na operação Lava Jato, suspende libertação de Lula da Silva
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Esta decisão surgiu depois de o juiz Sérgio Moro, responsável por julgar os casos de corrupção na Petrobras na primeira instância da Justiça brasileira, ter dito que o juiz que mandou libertar o ex-Presidente Lula da Silva da prisão não tem competência para tomar esta decisão.

"O Desembargador Federal plantonista, com todo respeito, é autoridade absolutamente incompetente para sobrepor-se à decisão do Colegiado da 8.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) e ainda do Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)", escreveu Sérgio Moro num despacho.

O juiz em questão é Rogério Favreto, juiz ‘plantonista’ (de serviço) do TRF-4, que aceitou ao início da tarde (manhã no Brasil) um pedido de ‘habeas corpus' interposto pela defesa de Lula da Silva e decretou a libertação imediata do antigo Presidente do Brasil.

Rogério Favreto decidiu a libertação imediata de Lula da Silva apoiado no argumento da defesa de que o ex-Presidente tem intenção de disputar as eleições presidenciais e não teria igualdade de condições em relação aos outros candidatos, já que não pode conceder entrevistas ou participar de debates políticos na prisão.

Juiz do tribunal federal manda libertar Lula da Silva ainda neste domingo
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O antigo chefe de Estado brasileiro aparece à frente de todos os seus adversários nas sondagens de intenção de voto sobre as próximas presidenciais do Brasil.

Atualmente, Lula da Silva cumpre uma pena de 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção e branqueamento de capitais.

Foi condenado no ano passado e viu confirmada sua sentença na segunda instância – da 8.ª Turma do Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4), acusado de ter recebido um apartamento no litoral de São Paulo como pagamento de ‘luvas’ da construtora OAS para favorecer a empresa em contratos com a Petrobras.

A reação do Partido dos Trabalhadores

O Partido dos Trabalhadores (PT) afirmou que a decisão de soltar o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tomada hoje por um juiz federal, dá-lhe liberdade para disputar as eleições presidenciais do Brasil.

"Depois de 92 dias de prisão ilegal e injusta, finalmente neste domingo foi reconhecido o direito do companheiro Lula [da Silva] defender-se em liberdade da sentença arbitrária e disputar a Presidência da República em igualdade de condições com os demais candidatos", afirmou o PT numa nota.

"A decisão do desembargador Rogerio Favreto, do [Tribunal Regional da Quarta Região] TRF-4, restabelece o estado de direito, tantas vezes violado por Sergio Moro e pela 8.ª Turma daquele tribunal. É o reconhecimento de que Lula [da Silva] não poderia ter sido preso sem crime nem provas, pela simples vontade de juízes parciais como aconteceu", lê-se no mesmo comunicado.

O PT, que escolheu Lula da Silva como pré-candidato à Presidência do Brasil para as próximas eleições em outubro, também argumentou que "parte do sistema judicial está a serviço de interesses políticos e económicos no Brasil e em outros países”.

“Querem mantê-lo preso à força", acrescentou.

Hoje, o juiz Rogério Favreto, do TRF-4, com sede em Porto Alegre, aceitou o pedido de ‘habeas corpus' interposto pela defesa de Lula da Silva e decretou a libertação imediata do antigo Presidente do Brasil.

Um dos argumentos do pedido de libertação diz que o ex-Presidente deveria sair em liberdade porque tem intenção de disputar as eleições Presidenciais.

Lula da Silva lidera a disputa eleitoral no Brasil, segundo todas as sondagens de intenção de voto divulgadas no país.