Em declarações à agência Lusa, logo após o chumbo no parlamento dos diplomas do BE e do PAN com vista à legalização da canábis para uso recreativo, Maria Begonha considerou que esta "é a oportunidade certa para a Juventude Socialista assumir que quer colocar no programa de governo do PS um projeto de lei que regule o uso de canábis para fins recreativos".
"Vamos bater-nos para isso [colocar a solução no programa de governo do PS]", assegurou a dirigente da JS, admitindo que os deputados da organização podem entregar na Assembleia da República uma iniciativa legislativa que consagre a solução hoje chumbada.
"A JS há muito tempo que defende a legalização das drogas leves, não apenas a canábis, nós temos uma perspetiva sobre este tema já muito antiga. Somos a favor da legalização e achamos que é uma questão de liberdade individual", salientou.
Maria Begonha defendeu ainda que o debate sobre a legalização da canábis "já chegou a um grau de maturidade" para criar condições para avançar.
A Assembleia da República chumbou hoje dois projetos de lei do Bloco de Esquerda (BE) e do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) para a legalização da canábis para uso recreativo, numa votação em que a bancada do PS se dividiu.
O projeto do BE teve os votos da própria bancada bloquista, do PAN e de 25 deputados do PS, votos contra do PCP, PSD, CDS e oito deputados do PS, registando-se ainda a abstenção do PS, PEV e do deputado não-inscrito Paulo Trigo Pereira.
Já o diploma do PAN foi rejeitado com os votos contra do PCP, PSD, CDS e oito deputados do PS, registando-se ainda a abstenção do PS, PEV e do deputado não-inscrito Paulo Trigo Pereira, embora tenha recebido os votos do BE, de André Silva (PAN) e de 26 deputados socialistas.
No debate, o deputado do PS Alexandre Quintanilha disse que "por ser uma lei muito recente e porque as poucas experiências da liberalização também são mais recentes, os socialistas deveriam ser "mais prudentes", para "ter tempo" para acumular "dados mais fiáveis e que possam ajudar a avaliar como mais confiança o impacto destas medidas”.
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