“O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que ‘as decisões irrefletidas e arbitrárias que levaram a uma pressão excessiva sobre o Irão teriam como consequência uma ação adversa, com a qual nós nos confrontamos hoje'”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos jornalistas, referindo-se à retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear iraniano há um ano.
“Vladimir Putin falou sobre as consequências das medidas irrefletidas tomadas contra o Irão por Washington e vemos que essas consequências estão a começar a acontecer”, afirmou Peskov.
O porta-voz acrescentou que a Rússia continua “comprometida” no acordo nuclear com o Irão, dizendo que é “muito cedo” para discutir possíveis novas sanções contra Teerão.
“Os diplomatas russos continuam a falar sobre a situação, inclusive com os seus parceiros europeus, a fim de trabalhar para preservar o funcionamento deste acordo”, afirmou Peskov, afirmando que é uma “situação séria”.
O Presidente iraniano, Hassan Rouhani, anunciou hoje pela televisão que o país deixará de limitar as suas reservas de água pesada e urânio enriquecido, revertendo o seu compromisso com âmbito do acordo concluído em Viena, em 2015.
Este acordo permitiu a Teerão obter um levantamento de algumas sanções internacionais, mas os Estados Unidos, que se retirou do acordo há exatamente um ano, retomou as sanções contra o Irão, afetando fortemente a economia iraniana e as suas relações comerciais com outros países pertencentes ao acordo.
Rouhani disse que o Irão quer negociar novos termos com os demais signatários do acordo, mas reconheceu que a situação é grave.
O Irão enviou hoje cartas, nas quais informa da sua decisão, aos líderes do Reino Unido, China, União Europeia, Rússia, França e Alemanha, todos signatários e apoiantes do acordo nuclear.
Este anúncio acontece quando o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif, está em Moscovo para conversar com seu homólogo russo, Sergei Lavrov.
Moscovo considera as sanções e pressões dos Estados Unidos contra o Irão semelhantes à “concorrência desleal”.
Sergei Lavrov culpou hoje o Governo dos Estados Unidos por criar uma situação “inaceitável” em torno do acordo nuclear com o Irão.
O ministro russo fez estas declarações antes do início da sua reunião Zarif, com o qual pretende abordar o acordo nuclear de 2015 e outros assuntos da agenda regional e bilateral.
“O principal tema de discussão será a situação inaceitável criado em torno do Plano Integral de Ação Conjunta (JCPOA, na sigla em inglês) devido ao comportamento irresponsável dos Estados Unidos, que se recusou a honrar os seus compromissos”, disse o diplomata russo.
“É o momento para o diálogo”, acrescentou Zarif, elogiando ainda a posição que até agora têm mostrado os demais signatários do acordo nuclear após o abandono dos Estados Unidos.
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