Em comunicado, o CIIMAR adianta hoje que o estudo, publicado na revista PNAS, visava “cobrir” as lacunas sobre a história demográfica espacial e temporal, bem como a diferenciação populacional dos leões.
O estudo, que envolveu investigadores de vários países europeus e dos Estados Unidos da América (EUA), analisou um conjunto de dados genómicos de 20 espécimes de leões de várias eras da história, “alguns com 30 mil anos”.
O grupo de investigação que integrava o geneticista do CIIMAR e professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), Agostinho Antunes, utilizou os dados do genoma completo de dois leões-das-cavernas com 30 mil anos, que durante a Idade do Gelo se distribuíram desde a Península Ibérica ao Alasca, de 12 leões históricos que viveram entre os séculos XV e XX e de seis leões atuais (modernos) oriundos da África e da Índia.
Com base nestes dados, os investigadores concluíram que o leão-das-cavernas e os leões modernos compartilhavam um ancestral há cerca de 500 mil anos atrás, momento em que “as duas linhagens se separaram”.
“O trabalho mostrou ainda que as duas linhagens provavelmente não hibridaram após a sua divergência, ou seja, desde então nunca mais voltaram a cruzar-se entre si, um aspeto determinante para o nascimento de novas espécies”, adianta o CIIMAR.
Citado no comunicado, Agostinho Antunes, explica que, no que concerne aos leões modernos, os investigadores encontraram “duas linhagens principais que divergiam à volta de 70 mil anos atrás, com clara evidência no fluxo genético subsequente”.
Os investigadores concluíram ainda que os leões modernos indianos revelavam uma “quase completa ausência de diversidade genética”, algo que, segundo o investigador, pode dever-se ao “tamanho muito reduzido da população e bem documentado no passado recente”.
“Os nossos dados contribuem para o entendimento da história evolutiva dos leões e complementam os esforços de conservação para proteger a diversidade desta espécie vulnerável que nos últimos 200 anos sofreu uma redução de cerca de 90% do seu tamanho populacional, encontrando-se em grande declínio”, concluiu o investigador que, em 2008, analisou em simultâneo a genética de leões e de um vírus altamente prevalente associado, o VIF (vírus da imunodeficiência felina).
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