“Eu quero pedir aos indecisos, a quem ainda não decidiu o seu voto, para que confiem em nós, em mim, para que confiem em quem sempre se bateu por um país para todos, por um país inclusivo, por um país que não deixa ninguém para trás, que não desiste de ninguém, para quem ninguém é invisível”, declarou Pedro Nuno Santos.

O secretário-geral socialista discursava perante uma sala lotada no pavilhão Rosa Mota, no Porto, e com várias personalidades do PS a ouvirem-no na plateia, como o primeiro-ministro, António Costa, ou o presidente do parlamento, Augusto Santos Silva.

Neste apelo aos indecisos, Pedro Nuno Santos deixou-lhes uma promessa: “Confiem em mim, não vos vou desiludir. Temos um país e um futuro para construir.”

Logo no início do seu discurso, Pedro Nuno Santos dirigiu-se a António Costa para destacar a “enorme honra” que é tê-lo no comício e agradecer-lhe pelos anos em que integrou o seu Governo.

“Agradecer os anos que trabalhámos juntos e a oportunidade que me foi dada para crescer politicamente. É uma honra enorme tê-lo e é um gosto enorme, para nós socialistas que tanto gostamos de si, saber que este tempo livre lhe fez tão bem”, afirmou.

O secretário-geral do PS destacou que o partido tem orgulho nos últimos oito anos, salientando que quem fala mal dos resultados da governação não está “a faltar ao respeito ao PS, mas aos portugueses, mas a tudo aquilo que os portugueses conseguiram construir em conjunto”.

Apesar de reconhecer que “não está tudo bem”, Pedro Nuno Santos voltou a destacar que a economia hoje cresce mais, a dívida pública é mais baixa, os salários estão mais altos ou que o abandono escolar cresceu, além de acrescentar que, apesar de o Governo ter enfrentado uma pandemia, uma guerra na Europa e o aumento da inflação, conseguiu garantir estabilidade aos trabalhadores e pensionistas.

“Este é o estado em que o país está hoje: de estabilidade, de segurança, de contas equilibradas. Nós agora queremos avançar, avançar para a frente. António Costa garantiu-nos o presente e nós agora queremos construir o futuro. É isso que nós queremos fazer nos próximos anos”, afirmou.

À semelhança do que tem feito durante a campanha, Pedro Nuno Santos voltou a insistir na ideia de a Aliança Democrática (AD) apresenta “um projeto de passado, com um rosto de passado, com as soluções de passado”.

“Com eles nós recuaríamos ao tempo em que as pensões e os salários eram fatores de ajustamento quando havia apertos ou crises, voltaríamos ao tempo em que se negavam direitos às mulheres, em que se desvalorizava o papel das mulheres na sociedade portuguesa. Voltaríamos ao tempo em que o ambiente não era uma prioridade, em que se achava que os aumentos salariais prejudicavam a economia, em que se incentivavam os jovens a emigrar”, disse.

Pedro Nuno Santos defendeu assim que o próximo dia 10 de março vai ser uma “das datas mais importantes” do futuro de Portugal, considerando que se estará a defender “uma herança dos 50 anos de Abril”, que “alguns querem fazer crer que foram 50 anos perdidos”.

“50 anos de construção, 50 anos em que fomos em conjunto capazes de construir um serviço nacional de saúde, um sistema público de pensões, uma escola pública, 50 anos que nos devem orgulhar enquanto povo”, defendeu, acrescentando que as legislativas serão também para "defender esse legado", mas "sempre com os olhos postos no futuro".

Num ataque ao seu principal adversário, sublinhou que "o choque fiscal que a AD (Aliança Democrática) quer propor é um choque fiscal para alguns, mas é na realidade um xeque-mate ao Estado social, à maioria do povo português".

O líder socialista voltou a defender que a AD apresenta ao país "uma aventura fiscal" e rejeitou as críticas de que o cenário macroeconómico que consta do programa eleitoral do PS - e que aponta para um crescimento de 2% ao longo da legislatura - seja "menos ambicioso".

"É um cenário macroeconómico sério, responsável, cauteloso. Nós temos uma estratégia para que a economia cresça muito mais do que a deles. Só que, quando nós construímos um cenário macroeconómico, nós quisemos ter indicadores que fossem credíveis", declarou.

Esses dados têm de ser credíveis, prosseguiu o líder socialista, para que o partido não faça "promessas irrealizáveis, incumpríveis" e para que o país "nunca passe mais pelo que passou no passado".

"Nós queremos segurar, proteger os rendimentos dos portugueses, as pensões, os salários e, por isso, é que o nosso programa é ambicioso, ambicioso onde deve ser: nos salários, no Estado social. É ambicioso, cauteloso e responsável sempre", afirmou.

Ao longo do discurso, Pedro Nuno Santos abordou várias propostas do PS para áreas como a habitação, salários, educação ou jovens famílias, dedicando uma larga parte da sua intervenção ao tema do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que considerou ser a "maior construção coletiva do povo português" e que se comprometeu a defender.

Entre as proposta que elencou para o setor, Pedro Nuno Santos destacou, em particular, a introdução de um programa de saúde oral no SNS, um maior investimento na hospitalização domiciliária ou a emissão de receitas por médicos de lares.

Neste ponto, Pedro Nuno Santos voltou a criticar a direita, considerando que a resposta que a AD apresenta para o SNS "é ineficaz e será mais cara", criticando em particular a proposta do vale consulta.

Para o líder socialista, a direita fala "como se houvesse capacidade excedentária no setor privado", como se houvesse "salas de cirurgia, de consulta, médicos, enfermeiros sem nada para fazer nos hospitais privados".

No entanto, Pedro Nuno Santos salientou que "80% dos médicos que estão no setor privado são do SNS" e essa "capacidade excedentária não existe", salientando que o PS optou por não avançar com um vale consulta porque, ao contrário do vale cirurgia, as consultas não são resolutivas e finitas.

"Depois da primeira consulta, há exames, e há uma segunda, e há exames, e há uma terceira e quarta... O Estado ficaria na mão de terceiros, deixaria de conseguir controlar os gastos públicos, os recursos públicos", criticou.

Na ótica do líder socialista, o vale consulta é uma "forma errada de gerir os recursos públicos" e é uma "falsa resposta, que sairia muito mais cara ao povo português".

"Se o Estado tem dinheiro, se tem recursos, tem de investir e de reforçar os nossos hospitais, os nossos centros de saúde, os nossos profissionais de saúde. A nossa resposta é a resposta correta, eficaz, é a resposta menos dispendiosa", sustentou.

(Notícia atualizada às 22h30)