“Não precisamos depositar a nossa esperança no inimigo. Para os nossos planos, não devemos esperar pela aprovação dos inimigos”, disse Khamenei num vídeo transmitido pela televisão estatal.
“Não é contraditório negociar com o mesmo inimigo em algumas situações, não há barreira”, afirmou ainda.
As observações de Ali Khamenei estabelecem no entanto limites para quaisquer negociações a realizar pelo novo Governo do Presidente iraniano, Masud Pezeshkian, renovando as suas advertências sobre os EUA.
“Não confiem no inimigo”, alertou Khamenei, que tem a palavra final sobre todos os assuntos de Estado.
Ainda não é claro quanto espaço de manobra terá Pezeshkian para negociar, especialmente porque as tensões continuam elevadas em todo o Médio Oriente devido à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.
O líder supremo iraniano, de 85 anos, já aceitou negociações com os Estados Unidos em outras ocasiões, mas passou a rejeitá-las depois de os EUA terem saído unilateralmente em 2018 do acordo nuclear, uma decisão tomada pelo então Presidente norte-americano Donald Trump.
Segundo a agência de notícias Associated Press (AP), o Departamento de Estado norte-americano não respondeu a um pedido de comentário sobre as declarações de Khamenei.
De acordo com a AP, houve conversações indiretas entre o Irão e os EUA nos últimos anos, mediadas pelo Qatar e Omã.
Desde o colapso do acordo, assinado em 2015 entre várias potências internacionais e o regime de Teerão, o Irão abandonou todos os limites que o pacto impôs ao seu programa nuclear e enriquece urânio até aos 60% de pureza — perto dos níveis de qualidade militar de 90%.
As câmaras de vigilância instaladas pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) em centrais iranianas foram desligadas e o Irão impediu a entrada de alguns dos inspetores mais experientes da agência nos complexos nucleares.
As autoridades iranianas também ameaçaram avançar com a produção de armas atómicas.
Entretanto, as tensões entre Irão e Israel, que são inimigos declarados, atingiram um novo pico com a guerra entre Telavive e o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.
Teerão lançou um ataque sem precedentes com ‘drones’ e mísseis contra Israel em abril, depois de anos de uma guerra secreta entre os dois países ter atingido o clímax com o presumível ataque de Israel a um edifício consular iraniano na Síria, que matou dois generais iranianos e outras pessoas.
O assassínio em Teerão do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, atribuído a Telavive, levou também o Irão a ameaçar retaliar contra Israel.
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