O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) realizou hoje a sua 'rentrée' política, em Oeiras, com o tema "A nossa casa comum", e Inês Sousa Real aproveitou para fazer um balanço do trabalho feito no último ano, "um ano político que foi repleto de desafios", e apresentar os desafios para o futuro.

"O país deste Governo não é o país que os portugueses precisam e não é o país para os quais as pessoas lutam para ter melhores condições de vida", defendeu a líder do PAN, apontando que "a primeira sessão legislativa ficou marcada por uma crise política e uma instabilidade sem precedentes".

Acusou o Governo socialista de "continuar a desperdiçar fundos comunitários" e o primeiro-ministro de "anunciar uma mão-cheia de nada de forma eufórica", referindo-se às medidas apresentadas de apoio aos jovens, nomeadamente à devolução de um ano de propinas pagas por cada ano de trabalho efetuado no país.

Questionou qual é o jovem que vai querer trabalhar em Portugal tendo em conta a precariedade que afeta o país e disse que trata-se de "atirar areia para os olhos e tapar o sol com a peneira".

"Não é esta a política que os jovens e as famílias precisam sobretudo [com] uma euforia que contrasta também com a asfixia em que vivem as famílias portuguesas. O país real atravessa uma grave crise social devido à escalada da inflação", defendeu Inês Sousa Real, para quem a "bolha do mercado de habitação, a subida cega das taxas de juro e a insensibilidade do Banco Central Europeu" também contribuem para esta realidade.

Na opinião da líder do PAN e deputada única da força política, a "euforia" demonstrada por António Costa contrasta com o número crescente de pessoas em situação de pobreza ou com o aumento das desigualdades estruturais.

Entre as várias medidas políticas da autoria do partido, Inês Sousa Real destacou que o PAN foi o "partido da oposição que mais contribuiu para a redução da carga fiscal" e que foi também graças ao partido que as famílias que compraram casa em 2020 vão ter mais dois anos de isenção de IMI.

Disse não esquecer que algumas das medidas apresentadas pelo PAN e rejeitadas estão a ser agora apresentadas em nome do Governo para "fazer brilharetes", dando como exemplo a gratuitidade do passe para pessoas com menos de 23 anos ou o Cheque Livro, "uma medida que o PAN inscreveu no Orçamento do Estado de 2021 com o voto contra do PS e que, passado 2 anos, o Governo executa dizendo que é sua".

A líder do PAN aproveitou, por isso, para deixar um recado a António Costa: "Embora copiar seja muito feio e ainda que seja errado colher os louros alheios, o PAN não tem qualquer problema que o faça se copiar significar dar respostas às pessoas".

Nesse sentido, Inês Sousa Real deixou uma "ideia para o Governo copiar" ao propor que o executivo dê prioridade à instalação de painéis fotovoltaicos em património edificado ou abandonado, zonas industriais desativadas ou em solos contaminados em vez de "destruir património natural".

Sobre esta matéria, disse que o partido esteve a fazer contas e que há "mais de 4.400 hectares de zonas naturais que estão em risco de ser destruídas" por causa dos 15 projetos de construção de centrais fotovoltaicas.

"Isto equivale a uma área, nada mais, nada menos, do que o equivalente à soma dos concelhos de Lisboa, Porto, Faro e Cascais", denunciou, apontando que se trata de uma "tragédia ambiental" e de um "ecocídio".

Entre os desafios para o futuro, a líder do PAN não esqueceu a caça e a tauromaquia, esta última que classificou como um "erro histórico civilizacional que tarda em ser corrigido", para defender que é preciso garantir aos animais direitos fundamentais e um maior respeito para com os animais, um valor do qual o partido não abdica.

*Notícia Atualizada às 20h35