Centenas de pessoas invadiram no domingo o aeroporto principal da república russa do Daguestão, de maioria muçulmana, após apelos na rede Telegram para procurarem passageiros judeus de um voo de Israel.
“Considero que o que aconteceu foi uma tentativa de semear a discórdia entre muçulmanos e judeus russos, que mantêm boas relações de amizade e cooperação há séculos”, afirmou Cirilo num comunicado citado pela agência francesa AFP.
Cirilo disse que “não há qualquer justificação moral para aqueles que planearam o ataque contra pessoas inocentes” que viajavam para o Daguestão.
“Não são nem podem ser responsáveis pelo que está a acontecer no Médio Oriente”, afirmou o patriarca, um fervoroso apoiante do Presidente Vladimir Putin.
O porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, afirmou hoje que os confrontos no Daguestão foram “em grande parte o resultado de interferências externas, incluindo informações externas”.
Peskov não especificou a quem se referia, mas o chefe do Daguestão, Serguei Melikov, acusou a Ucrânia de ter fomentado os incidentes.
“Recebemos hoje informações absolutamente fiáveis de que o canal ‘Dagestan Mornings’ é gerido a partir do território da Ucrânia”, afirmou Melikov, citado pela agência espanhola EFE.
Melikov referia-se a um canal Telegram que, segundo as autoridades russas, incitou a população maioritariamente muçulmana da república do sudoeste da Rússia a ocupar o aeroporto.
Peskov anunciou que o Presidente russo convocou uma reunião para hoje para “discutir as tentativas ocidentais de utilizar os acontecimentos no Médio Oriente para dividir a sociedade russa”.
Sem apresentar quaisquer provas ou nomes, o patriarca Cirilo afirmou não ter dúvidas de “as forças que não se detêm perante nada para provocar agitação” na Rússia ajudaram a provocar os incidentes.
Trata-se de “uma tentativa de transpor o confronto [entre Israel e o Hamas] que nos é estranho para a nossa própria terra”, disse.
Cirilo manifestou apoio “aos líderes islâmicos que apelaram para o fim dos distúrbios”.
As autoridades do Daguestão disseram que mais de duas dezenas de pessoas, incluindo nove agentes da polícia, ficaram feridas nos incidentes e que 60 foram detidas.
Milhares de pessoas têm protestado nos últimos dias em vários países, incluindo na Europa e nos Estados Unidos, contra os bombardeamentos israelitas contra a Faixa de Gaza.
O Hamas disse que os ataques israelitas mataram mais de oito mil pessoas na Faixa de Gaza desde o início da guerra.
O atual conflito seguiu-se a uma incursão do Hamas em Israel em 07 de outubro que provocou mais de 1.400 mortos, segundo as autoridades israelitas.
O Hamas também raptou mais de duas centenas de israelitas e estrangeiros que mantém como reféns na Faixa de Gaza, um território com 2,3 milhões de habitantes que controla desde 2007.
Comentários