Considerado “o momento da verdade” pelo principal negociador comunitário para o ‘Brexit’, Michel Barnier, o Conselho Europeu que hoje se inicia, com um jantar a 27, será sim uma oportunidade para intensificar os preparativos para o cenário de ausência de acordo, depois de, no domingo, as negociações para a saída do Reino Unido do bloco comunitário terem chegado a um alarmante impasse.
No arranque dos trabalhos da cimeira, na qual Portugal estará representado pelo primeiro-ministro, António Costa, a primeira-ministra britânica dirigir-se-á aos restantes líderes para apresentar a avaliação que o seu Governo faz das negociações, com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, a esperar que Theresa May avance “propostas concretas” para desbloquear o intrincado nó das negociações.
De seguida, já sem a primeira-ministra britânica na sala, os 27 decidirão como conduzir as negociações a partir deste momento, com base numa recomendação do negociador-chefe da UE.
Os alarmes soaram em Bruxelas, após o fracasso da última ronda negocial — o “espírito” negativo que pairou nas negociações levou, inclusive, à suspensão das mesmas -, e tornaram-se ainda mais audíveis na terça-feira, com o principal negociador comunitário a admitir que “é preciso mais tempo” para alcançar um acordo global com o Reino Unido para a sua saída ordenada do bloco europeu, pois subsistem várias questões em aberto.
O tom pessimista, inaugurado por Tusk na carta-convite que dirigiu aos líderes europeus e na qual advertiu que o cenário de uma ausência de acordo para a concretização da saída do Reino Unido da UE é “mais provável do que nunca”, alterou a agenda da cimeira, ‘empurrando’ os trabalhos para a intensificação dos esforços de preparação para o pior cenário.
“Iremos debater como intensificar a preparação para um cenário de ausência de acordo, mas, como tenho insistido, o facto de nos estarmos a preparar para um cenário de ‘no deal’ não nos deve desviar, de nenhuma maneira, de fazer todos os esforços para alcançar o melhor acordo possível para ambas as partes”, sublinhou o presidente do Conselho Europeu.
O Conselho Europeu será retomado na quinta-feira de manhã, de novo a 28, sendo o principal assunto em agenda, e uma vez mais, a questão das migrações, sobre a qual não são esperados “grandes anúncios”, sendo expectável que o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, que ocupa a presidência rotativa da UE, apresente os avanços registados na reforma da política de asilo da UE desde a cimeira informal de Salzburgo, em setembro.
À reunião a 28, em que os líderes se debruçarão também sobre o tema da cibersegurança, particularmente no objetivo de dotar a UE de instrumentos que impeçam novas ingerências externas em território comunitário, seguir-se-á uma Cimeira do Euro no chamado “formato inclusivo” (a 27), para um ponto da situação sobre a reforma da União Económica e Monetário, e na qual participará o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno.
Depois do Conselho Europeu e Cimeira do Euro, haverá lugar a uma cimeira entre UE e Ásia (ASEM), que terá início na quinta-feira à noite e decorrerá até sexta-feira à tarde.
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