Nesse sentido, foi hoje assinado um memorando de entendimento entre a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), a Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), a Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM) e a Associação RELI – Rede de Livrarias Independentes.
Esta solução surgiu após estado de emergência, da necessidade de identificar medidas para apoiar as livrarias independentes.
“Foi um trabalho que foi sendo feito ao longo de meses com a RELI, de identificar medidas concretas e o que é que seria mais importante, mais estruturante, para o setor, das várias medidas que poderíamos fazer em conjunto. Esta, em particular, foi logo identificada pela RELI, que tinha o projeto para o desenvolvimento de uma plataforma própria de comercio eletrónico”, explicou a ministra da Cultura, Graça Fonseca, que presidiu à cerimónia.
A grande questão era o financiamento de uma plataforma própria da RELI, problema que foi contornado através de um acordo com a INCM, que já dispõe de uma plataforma, para que disponibilizasse parte desse espaço às livrarias e editoras independentes, para fazerem as suas vendas ‘online’.
“É esta parceria que permite que uma plataforma que já existe, que está a ser melhorada pela própria Imprensa Nacional, esteja ao serviço das editoras e livrarias independentes para poderem vender as suas publicações”, afirmou a ministra, sublinhando que “isto é algo importante, porque permite utilizar recursos que já existem em vez de criar outros recursos, permitindo à RELI também desenvolver projetos igualmente importantes”.
Para Graça Fonseca, este é um passo que tinha de ser dado, porque Portugal precisa de aumentar a sua capacidade de vender livros à distância.
A situação de estado de emergência, que obrigou ao encerramento das livrarias e, posteriormente, permitiu apenas a venda ao postigo, veio pôr a nu esta necessidade e veio arrasar ainda mais um setor que já estava enfraquecido.
“Temos mesmo que caminhar para promover o comércio eletrónico. Esta ferramenta é muito importante e a pandemia só veio revelar o quão relevante é. Já era antes da pandemia, tornou-se mais evidente durante a pandemia e queremos que constitua uma alavanca para o futuro, de poder ser uma forma diferente de chegar às pessoas com os livros”, disse, frisando que nada pode ficar igual depois da pandemia e que o setor do livro tem de sair desta situação mais forte do que entrou.
Sobre o risco de o aumento das vendas ‘online’ conduz a um ainda maior encerramento das pequenas livrarias, Graça Fonseca mostrou-se descansada, considerando que ambas as formas de comércio podem coexistir de forma “equilibrada”.
Trata-se de uma coexistência perfeitamente possível entre estar “numa livraria física, onde vamos querer continuar a entrar, vamos querer continuar a tocar nos livros, a ver as capas” e simultaneamente “construir uma outra via que é aquela que sabemos hoje que há procura”.
“A cultura é um bem essencial a cada um nós, à nossa vida, à economia e ao território”, acrescentou.
Este memorando de entendimento assenta num outro protocolo, estabelecido hoje também pela DGLAB, pela BNP e pela INCM, que vem “formalizar, estruturar e densificar” ações conjuntas entre as instituições, “um trabalho que já tem vindo a ser feito com a imprensa nacional no setor do livro, desde os programas de internacionalização de autores portugueses até a bolsas de criação literária”, destacou a ministra.
Entre as atividades previstas, além da plataforma para as livrarias independentes, contam-se ainda medidas como a criação de uma coleção para "Autores Portugueses em Língua Estrangeira", a incorporação, por doação, do arquivo da INCM no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, a instituição de duas bolsas de criação literária Imprensa Nacional, e a criação, para disponibilização às bibliotecas da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, de uma coleção dos ‘ebooks’ das edições da BNP, numa plataforma que permite o empréstimo aos leitores.
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