“O encerramento deve-se à questão relacionada com a [pandemia de] covid-19, há uma quebra significativa de tráfego, a loja vive de tráfego e não vive de projetos, os projetos normalmente vão para a fábrica, portanto, tornou-se insustentável”, disse à agência Lusa Gonçalo Conceição.

De acordo com responsável pela empresa portuguesa, fundada em 1849, a Viúva Lamego não teve quebras significativas de faturação na fábrica, mas o mesmo já não aconteceu com a loja histórica da capital.

“A Viúva Lamego não teve quebras de faturação significativas ao nível da fábrica. Nós vivemos uma realidade madrasta, no sentido em que há uma quebra de faturação significativa na loja, diria na casa de 70% a 80%”, salientou.

Com 172 anos, a azulejaria foi distinguida como Loja com História, no âmbito do projeto de apoio ao comércio de proximidade da Câmara de Lisboa, e estava classificada como imóvel de interesse público.

Questionado sobre possíveis apoios do município ou do Governo, Gonçalo Conceição adiantou que não existiram ajudas adicionais.

“Enquanto Loja com História, temos direito a algum apoio, mas temos um senhorio que é particular, um privado. O apoio que poderia vir e teria que vir do senhorio não aconteceu. Do Estado e da Câmara [Municipal de Lisboa] não tivemos nenhum apoio adicional”, indicou.

Segundo o diretor executivo da empresa Viúva Lamego, a “margem de manobra” é pouca, porque “os próprios inquilinos também estão em dificuldades”.

“Como temos os resultados da loja - as vendas da loja - agregados às vendas da fábrica eu não consigo demonstrar que tive quebras na loja ‘per si’, portanto não posso recorrer aos apoios que existem, porque só quem consegue demonstrar quem as teve”, afirmou.

A preparar a migração para uma loja ‘online’, a Viúva Lamego vai continuar a produzir na fábrica localizada na zona da Abrunheira, em Sintra (Lisboa).

“A fábrica mantém-se, a fabrica está numa fase muito positiva, muito internacional com projeto de grande craveira a nível internacional a trabalhar com artistas, arquitetos e designers de renome. A fábrica está relançada e está numa fase de investimento. Nós vamos adaptar os nossos canais presenciais – que era a loja – e vamos começar a investir num canal ‘online’. Os tempos atuais são assim e nós temos de nos adaptar”, explicou Gonçalo Conceição.

Com o “estado de espírito de investir e não de regredir”, o responsável pela Viúva Lamego considerou que, “se os tempos melhorarem para todos”, poderá ser possível reabrir a loja no Largo do Intendente, mas caso o novo proprietário tiver interesse, uma vez que o edifício está à venda.

“Se os tempos se alterarem e se no futuro houver condições para podermos voltar para aquele edifício, que é emblemático para a casa, com certeza que analisaremos e que teremos predisposição para o fazer”, disse, reforçando que “se o novo proprietário gostar de ter a Viúva Lamego de volta ao Intendente” terá “toda a abertura para falar”.

O diretor executivo referiu ainda que ninguém deverá ficar afetado pelo encerramento do espaço, sublinhado que há apenas um posto de trabalho na loja, que será reconvertido para a fábrica.

“Há um posto de trabalho na loja, nós estamos a tentar a reconversão desse posto de trabalho para a fábrica. Diria que não irá afetar ninguém. Para nós não é uma decisão fácil. São mais de 170 anos de história, é um divórcio doloroso”, disse.

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