Luanda voltou ao primeiro lugar da lista das cidades mais caras do mundo para trabalhadores expatriados, destronando Hong Kong, segundo o estudo da Global Mercer sobre o custo de vida em 2017.
Os luandenses ouvidos pela Lusa manifestaram-se descontentes com o atual nível de vida marcado por contenção de gastos para uns e pouco ou nada para muitos se poderem sustentar. É o caso de Augusto Cassua, desempregado que diariamente circula pela cidade à procura de qualquer trabalho para poder adquirir algo para comer num cenário de “preços assustadores”.
“Tento fazer alguma coisa, mas não consigo porque aqui tudo é dinheiro e nem sequer tenho alguém que me apoie. Hoje em dia o emprego continua difícil e os preços, sobretudo da alimentação, estão cada vez mais puxados”, contou à Lusa o luandense de 34 anos.
Denise Jorge questionou o título atribuído à cidade, considerando ser “uma autêntica brincadeira” o facto de Luanda “nem sequer ter saneamento básico” e ser considerada a mais cara do mundo. A estudante de 29 anos acrescentou que os preços em Luanda “custam os olhos da cara” e lamentou ainda a falta de oportunidades de emprego para jovens.
Os preços dos bens de primeira necessidade em Luanda também deixam estupefacta a estudante Etelvina Capita que disse estar triste com a classificação da cidade face “ao elevado nível de pobreza num país que tem muitos recursos”.
“É triste. Tudo está muito caro, começando com os frescos, antigamente com 10.000 kwanzas conseguia comprar franco, costeletas, entrecosto, febras e agora com esse valor apenas compramos uma caixa de franco e mais nada”, lamentou. Esta luandense deixou de comprar legumes, por exemplo, porque “agora é impossível devido aos preços”.
Por seu lado, o psicólogo Josué de Oliveira conta que deixou de adquirir leite para os filhos porque os preços de bens e serviços na cidade de Luanda “dispararam”, lamentando a carência de muitos cidadãos em Luanda. “Mas é muito triste porque há pessoas que passam muito mal para ter pelo menos uma pequena refeição”, observou.
Angola enfrenta desde finais de 2014 uma profunda crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra nas receitas com a exportação de petróleo e só entre janeiro e dezembro de 2016 viu a inflação ultrapassar os 40 por cento, segundo números do Instituto Nacional de Estatística.
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