Após o encontro, que começou por volta das 16:00 no hotel onde o presidente brasileiro está hospedado durante a sua estadia na cidade norte-americana para participar da 78.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, os dois chefes de Estados lançaram breves notas nas suas redes sociais.
“Hoje me reuni em Nova Iorque com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Tivemos uma boa conversa sobre a importância dos caminhos para construção da paz e de mantermos sempre o diálogo aberto entre nossos países”, escreveu Lula da Silva, na nota, acompanhada por uma fotografia dos dois.
Por outro lado, Volodymyr Zelensky frisou que ambos tiveram “uma conversa franca e construtiva”.
“As equipas diplomáticas receberam instruções para trabalhar nas próximas etapas das relações bilaterais e nos esforços para restaurar a paz. O representante brasileiro continuará a trabalhar nas reuniões sobre a Fórmula de Paz”, acrescentou.
O encontro entre Lula da Silva e Volodymyr Zelensky, que aconteceu depois da reunião que o líder brasileiro teve com o presidente norte-americano, Joe Biden, contou ainda com a presença do o chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andrii Iermak, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, um assessor para a política externa e o assessor para assuntos militares da Ucrânia, de acordo com a imprensa brasileira.
A comitiva de Lula da Sila contou com ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o secretário de Comunicação Social, Paulo Pimenta, e o assessor especial de assuntos internacionais da presidência, Celso Amorim.
Esta foi a primeira vez que Lula da Sila e Volodymyr Zelensky terão um encontro bilateral, depois de, em maio, à margem da cimeira do G7, o encontro ter acabado por não acontecer, com Volodymyr Zelensky a referir que "não houve diligências" por parte de Lula da Silva.
Por outro lado, o chefe de Estado brasileiro afirmou ter ficado "chateado" após a delegação ucraniana adiar o encontro até finalmente não aparecer.
Apesar de condenar a invasão da Rússia na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado, o presidente brasileiro já tinha, em abril, admitido a cedência da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014, como uma saída para o conflito e, na cimeira dos BRICS, voltou a pedir uma paz negociada e o abandono de uma "mentalidade obsoleta da Guerra Fria".
Lula chegou mesmo a afirmar que "quando um não quer, dois não brigam".
A reunião agora confirmada entre os chefes de Estado do Brasil e da Ucrânia acontece numa altura de relação conturbada entre os dois países, devido a declarações que Lula da Silva tem proferido em relação à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a última das quais ao afirmar que não prenderia o presidente russo, Vladimir Putin, ao abrigo de uma decisão do Tribunal Penal Internacional, caso este viesse ao Brasil.
O presidente brasileiro voltou atrás nas declarações dizendo que tal decisão caberia à justiça brasileira, mas insistiu que o país deveria rever a sua presença no Tribunal Penal Internacional.
Putin é alvo de um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional emitido em março, por suspeita de crimes de guerra pela deportação de crianças ucranianas.
"Quero muito estudar essa questão deste Tribunal Penal, porque os Estados Unidos não são signatários dele, a Rússia não é signatária dele. Então, eu quero saber por que o Brasil é signatário de um tribunal que os EUA não aceitam. Por que somos inferiores e temos de aceitar uma coisa?", afirmou Lula da Silva, na Índia, durante a sua participação na Cimeira do G20, na semana passada.
Dias antes, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, lembrara o homólogo brasileiro que os ucranianos são vítimas da invasão russa e que "a guerra não é no Brasil", afastando concessões territoriais e pedindo respeito pelos Estados independentes.
"A guerra é em concreto na Ucrânia, as vítimas são concretamente os ucranianos. Não são os brasileiros, ou outros europeus, nem americanos. São concretamente dezenas de milhares de pessoas, centenas de milhares, que morreram ou ficaram feridas, são as nossas casas que foram atacadas ou bombardeadas, não as casas do Brasil ou de outros países", afirmou Zelensky em entrevista à RTP.
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