“Devemos desistir de mudar o nosso país, a nossa vida quotidiana? Não, porque isso significaria abandonar aqueles que o sistema já abandonou, significaria trair os nossos filhos, os filhos deles depois deles, que teriam então que pagar o preço pelas nossas renúncias. É por isso que a reforma das pensões será concluída”, afirmou Emmanuel Macron numa mensagem ao país de cerca de 18 minutos, transmitida pela televisão.
Na mensagem, na qual transmitiu votos de bom ano novo aos franceses, o chefe de Estado mostrou-se também “ciente da medida em que as decisões tomadas podem enfrentar e suscitar medos e oposição”.
No discurso, o Presidente pediu ao executivo para “encontrar um compromisso rápido” com os sindicatos sobre o projeto, advogando que eles “o querem”, mas assinalou que terá em conta “as profissões difíceis” e a possibilidade de estes trabalhadores poderem “aposentar-se mais cedo”.
Apenas a 07 de janeiro serão retomadas as reuniões entre o primeiro-ministro, Edouard Philippe, e os sindicatos, mas entretanto já foi marcado para 09 de janeiro um dia de mobilização nacional contra o novo sistema de reformas.
O chefe de Estado defendeu igualmente que “o apaziguamento deve sempre vir primeiro do que o confronto”.
Na sua mensagem ao país, Emmanuel Macron assinalou igualmente que a greve por oposição a este projeto de “sistema universal” de pensões pontuais está a paralisar parcialmente os transportes em França, principalmente o tráfego ferroviário e os transportes na região parisiense, cuja circulação ainda está muito perturbada. Os setores do turismo e do comércio, para os quais a época das férias é crucial, viram o seu volume de negócios diminuir, particularmente na região parisiense.
Esta greve já dura mais do que a greve de 1995 contra um plano de reforma das pensões dos funcionários públicos, que o Governo da altura acabou por abandonar. Se a paralisação continuar depois de quinta-feira, e chegar a 29 dias, será a mais longa da história do setor ferroviário em 30 anos.
O sistema de pensões é um assunto sensível em França, com a população a permanecer apegada a um sistema de repartição que tem sido até agora considerado um dos mais protetores do mundo.
O sistema baseado em pontos desejado pelo Governo visa fundir os 42 esquemas existentes, incluindo esquemas especiais que permitem aos maquinistas de comboios, em particular, sair mais cedo.
O executivo promete um esquema “mais justo”, quando os opositores da reforma temem uma “precarização” dos pensionistas, com partidas posteriores e pensões mais baixas.
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