“Precisamos de um novo acordo financeiro com os países mais vulneráveis. Vou trabalhar nisto com os nossos parceiros com vista a uma cimeira em Paris antes da próxima COP”, que deverá realizar-se no Dubai no final de 2023, anunciou o Presidente francês no rede social Twitter.
A Cimeira do Clima das Nações Unidas, COP27, terminou esta madrugada em Sharm el-Sheikh, a estância balnear egípcia no Mar Vermelho, com a aprovação de um acordo altamente contestado, que prevê a constituição de um fundo de compensação por perdas e danos destinado aos países em desenvolvimento mais afetados pelas alterações climáticas, mas quase omisso em relação aos compromissos para a redução da emissão de gases com efeito de estufa e às metas de contenção do aquecimento global.
O Presidente francês quer que essa conferência se concentre na questão da redução das emissões globais de CO2 e dê uma resposta à “deceção” expressa pela União Europeia, que criticou o texto final da COP27 por não colocar ênfase suficiente na redução das emissões poluentes.
“Todos os países devem assumir um compromisso claro de se afastarem do carvão. Estamos a seguir de perto os países emergentes que estão a dar o exemplo, tais como a Indonésia e a África do Sul”, afirmou Macron.
O acordo assinado em Sharm el-Sheikh faz mais para abordar os impactos da queima de combustíveis fósseis do que para combater a causa principal das alterações climáticas, mas mesmo neste aspeto, está longe de satisfazer a unanimidade de países que o aprovou.
Segundo o compromisso assumido no Egipto, o fundo recorrerá inicialmente a contribuições de países desenvolvidos e outras fontes privadas e públicas, tais como instituições financeiras internacionais. Porém, as principais economias emergentes, como a China, não são expressamente obrigadas a contribuir, uma opção que permanece sobre a mesa e será negociada nos próximos anos.
Esta é uma exigência fundamental da União Europeia e dos Estados Unidos, os quais argumentam que a China e outros grandes poluidores atualmente classificados como países em desenvolvimento têm o poder financeiro e a responsabilidade de pagar.
Como afirmou em declarações à agência Associated Press Alex Scott, um especialista em diplomacia climática do grupo de reflexão E3G, como aconteceu até agora com todos os mecanismos de financiamento associados ao clima, uma coisa é criar um fundo, outra é fazer o dinheiro entrar e sair.
O mundo desenvolvido ainda não cumpriu o seu compromisso de 2009 de gastar 100 mil milhões de dólares por ano em outras ajudas climáticas – concebidas para ajudar as nações pobres a desenvolver a energia verde e a adaptar-se ao aquecimento futuro, lembrou o especialista.
O fundo será em grande parte destinado às nações mais vulneráveis, embora haja espaço para países de rendimento médio severamente atingidos por catástrofes climáticas poderem vir a obter ajuda.
Comentários