“Só temos neste momento um pequeno foco na zona norte do Pico Ruivo [concelho de Santana], na zona alta do Caldeirão do Inferno, e o que estamos a averiguar é se existem condições para o helicóptero atacar esse núcleo de fogo”, afirmou Miguel Albuquerque, em declarações aos jornalistas no Pico do Areeiro, um dos mais altos da ilha.

Caso o helicóptero não possa atuar, devido ao vento forte que se faz sentir, prosseguirão as descargas dos Canadair “logo que as condições atmosféricas permitirem”, acrescentou.

Será mantida naquele local vigilância ativa para não haver propagação deste “núcleo” de fogo, assegurou.

Ainda de acordo com o presidente do Governo da Madeira, os Canadair que começaram a operar na quinta-feira na região, ao abrigo da ativação do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia, efetuaram hoje de manhã quatro descargas, “duas junto ao Pico da Torre e ao Pico Ruivo e duas na zona alta da Lombada”.

Na zona da Lombada, concelho da Ponta do Sol, foram efetuadas hoje de manhã descargas “para arrefecer a zona, para não haver reacendimentos e, neste momento, não há focos ativos”, acrescentou.

Miguel Albuquerque frisou que a “situação está mais calma, a evolução do vento norte é também favorável neste momento”, acrescentando que os operacionais manter-se-ão no terreno nos próximos dias, “em zonas estratégicas”, de modo a evitar reacendimentos.

“Estamos num quadro, neste momento, muito mais favorável e vamos continuar a fazer o trabalho, a operação tem de ser sempre desencadeada com condições de segurança, portanto a operação tem de ser feita em função das condições atmosféricas”, realçou.

“O aumento do vento leva a alguma limitação, mas estamos com boas perspetivas neste momento”, reforçou o presidente do Governo Regional.

O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou no dia 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e, através do Pico Ruivo, Santana.

As autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção dos da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos.O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas ou de infraestruturas essenciais.

Alguns bombeiros receberam assistência por exaustão ou ferimentos ligeiros, não havendo mais feridos.

Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.002 hectares de área ardida.

A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.

Fogo não está a afetar a atividade turística

O secretário Regional da Economia, Turismo e Cultura da Madeira, Eduardo Jesus, assegurou hoje que o incêndio na ilha não está a afetar a atividade turística, com exceção da animação, na utilização de veredas e levadas que estão condicionadas.

Em declarações à agência Lusa, Eduardo Jesus afirmou que a Secretaria tem estado a acompanhar toda a situação, tendo contactado a esmagadora maioria do alojamento que existe na Madeira, estando apenas a ser afetado um subsetor que tem a ver com a animação turística.

“Tivemos respostas de todos os contactos em que não existe nenhuma tendência e cancelamentos por força dos incêndios. O que passou a existir foi uma frequência muito mais elevada de pedidos de esclarecimento. As pessoas antes de virem, especialmente os que reservam diretamente, estão a fazer muito mais perguntas. […] Há também pessoas que remarcaram para outras datas”, indicou.

De acordo com o secretário Regional da Economia, Turismo e Cultura, as pessoas perguntam se a Madeira está em condições de os receber, se o ar tem qualidade respirável, se as zonas afetadas estão próximas do alojamento, se os serviços estão a funcionar e se o setor está a responder.

“Temos respondido com o que é a realidade. O setor não diminuiu em nada a sua capacidade instalada. Nós estamos com a mesma capacidade e força que anteriormente. O alojamento não está a sofrer cancelamentos por força dos incêndios e toda a atividade económica das agências de viagens […] também não registou nenhuma tendência [de cancelamentos]”, referiu.

Segundo Eduardo Jesus, há um subsetor que está a ser mais afetado e que tem a ver com a animação turística, com a utilização de veredas e levadas, algumas com acesso vedado ou condicionado.

“Algumas estão com acesso condicionado porque as redes viárias estão a ser avaliadas e limpas e preparadas para a normal circulação e já hoje temos a notícia de abertura de 10 percursos condicionados, sendo no total neste momento 24 os percursos pedestres à disposição da população”, adiantou.

Eduardo Jesus disse ainda que, devido à situação, foi preciso encontrar alternativas ao nível da animação turística.

“É preciso encontrar alternativos, felizmente a Madeira tem oferta. Se não é possível a cordilheira central, é possível o Caniçal, se não é possível na zona Serra de Água, no Paul é possível mais para baixo, a oeste junto ao mar. É esta a ginastica que estamos a fazer”, indicou.

O secretário Regional da Economia, Turismo e Cultura salientou também que tem estado a ser feito um combate muito grande a notícias que estão a sair que relacionam ventos fortes no aeroporto com o incêndio e que não são verdadeiras.

“Fomos atrás de noticias internacionais e clarificamos esses órgãos de comunicação social. A associação de promoção desde o primeiro dia dos incêndios iniciou uma vaga de informação digital para dar conta da oferta que não foi afetada e do que se passa na Madeira. Tivemos a dirigir essa comunicação a ‘influencers’, usamos a rede diplomática através de consulados e embaixadas para esclarecer os países de origem. O esforço tem sido mais a desmontar notícias que não são verdadeiras do que a gerir o impacto local do incêndio”, disse.

Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.002 hectares de área ardida.

Desde o início do incêndio, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção dos da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos.

O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas ou de infraestruturas essenciais.

Condicionamentos no aeroporto não estão relacionados com os incêndios

O secretário Regional da Economia da Madeira garantiu hoje que os condicionamentos na operação do aeroporto Cristiano Ronaldo no fim de semana nada tiveram que ver com o incêndio que lavra na ilha, mas sim com os ventos fortes.

Eduardo Jesus salientou que têm existido notícias que relacionam os ventos fortes que se fizeram sentir no aeroporto da Madeira, que levaram ao cancelamento de voos e retenção de pessoas na infraestrutura, com o incêndio que lavra há 10 dias na ilha.

“A coincidência que existiu temporal na Madeira relativamente a existência de ventos fortes que condicionaram a operação do aeroporto nada teve a ver com os incêndios. Os incêndios nunca puseram em causa o normal funcionamento do aeroporto. É importante que se diga, porque esta foi uma das notícias que foi difundida de forma muito errada”, sublinhou.

O Aeroporto Internacional Cristiano Ronaldo enfrentou durante o fim de semana e início da semana constrangimentos na operação aeroportuária, atrasos e cancelamentos de voos com impacto nos passageiros, tendo a situação já sido normalizada.

Eduardo Jesus assegurou que todos estiveram no terreno, desde a primeira hora e em conjunto, para minimizar o impacto nos passageiros.

“Este esquema está montado e tem vindo a ser aperfeiçoado com a experiência que vamos tendo, mas desde que existe inoperacionalidade são ativados determinados meios. Por um lado, compete à ANA como concessionária do aeroporto, e tem essa responsabilidade, colocar em prática o plano de contingência que eles próprios prepararam para esta situação para melhor acolhimento dos passageiros”, disse.

Desta vez, segundo Eduardo Jesus, a inoperacionalidade ocorreu no pico da procura à ilha.

“Tivemos a situação de em vez de se impactar 300 a 400 pessoas, chegou a haver um dia em que puseram 900 [pessoas] imobilizadas no aeroporto e isso causou um enorme transtorno às pessoas e à infraestrutura”, disse.

O responsável garantiu, contudo, que a Secretaria esteve sempre em contacto com a ANA, os operadores, as companhias aéreas e empresas que tratam do alojamento das pessoas.

“Fomos encontrando soluções. Uma companhia aérea reorganizou a sua oferta em termos de aparelhos e fez subir a oferta para escoar pessoas. Houve em esforço em antecipar os prazos de resposta e satisfazer os passageiros”, referiu.