“Foi com enorme surpresa que recebemos esta decisão do Governo britânico”, admitiu o secretário do Turismo e Cultura da Madeira.
“Nesta tomada de posição, nós estranhamos porque não há nenhum rigor científico, nenhuma fundamentação científica para que a Madeira seja tratada desta forma”, acrescentou Eduardo Jesus.
O governante falava aos jornalistas no Aeroporto Internacional da Madeira — Cristiano Ronaldo, na zona das chegadas, onde falou do impacto negativo que esta decisão já está a ter no setor.
Portugal vai deixar a “lista verde” de viagens internacionais do Governo britânico na terça-feira às 04:00.
Segundo o Ministério dos Transportes britânico, Portugal passa para a “lista amarela” para “salvaguardar a saúde pública [britânica] contra variantes preocupantes” e proteger o programa de vacinação britânico.
O secretário do Turismo e Cultura da Madeira apontou existirem “razões objetivas” para criticar a decisão do Governo britânico, salientando que a Madeira implementou desde muito cedo o “controlo de todo o processo pandémico”, que é reconhecido a nível internacional e “registado cientificamente, o que permite estar distante da realidade nacional”.
Eduardo Jesus também assegurou que a região não regista “a presença de qualquer variante indiana, variante delta ou nova variante nepalesa, que é a grande preocupação do Governo inglês”.
O governante reforçou que a região tem “40% da população já envolvida no processo de vacinação”, além do “controlo efetivo à entrada”, que tem sido fundamental para “o sucesso do controlo pandémico e tem merecido em termos internacionais um reconhecimento pela eficácia que tem produzido”.
Eduardo Jesus salientou que está igualmente em curso o processo de vacinação de “todo o setor do turismo”, sendo esta região dos pouco destinos que estão a fazê-lo com a abrangência e a velocidade com que está a ser feito”.
Outro aspeto positivo de destacou foi o facto de a Madeira estar a “oferecer um teste PCR a todos os que visitam a região e precisam dessa testagem para regressarem à origem”.
Por estas razões, “reclamamos imediatamente essa discriminação positiva e reclamamos a nível nacional e internacional”, sustentou o responsável madeirense.
O secretário regional anunciou ainda que o Governo madeirense já contactou o Ministério dos Transportes inglês, os embaixadores de Portugal em Inglaterra e o do Reino Unido no país a “informá-los da necessidade desta perceção”.
Além disso, também encetou contactos junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Secretaria de Estado da Economia.
Eduardo Jesus informou que a Associação de Promoção da Madeira também diligenciou junto dos operadores que trabalham com a Madeira “para, através dos canais comerciais ou institucionais, chegar até ao Governo da Inglaterra”.
Esta decisão de excluir a Madeira da “lista verde” terá “necessariamente um impacto grande no movimento inglês e no cancelamento de reservas”, admitiu, realçando ser “ainda cedo para estimar” a sua gravidade.
O governante referiu que, em maio, as companhias aéreas da Inglaterra tinham cerca de 7.500 lugares para a Madeira, em junho existiam 21 mil e em julho 35 mil, o que “significa, relativamente a julho de 2019, acréscimo de 8,7%”.
“É uma infelicidade enorme esta decisão que não tem fundamento nenhum científico e vem prejudicar uma trajetória que estava toda ela a ser consolidada”, vincou.
o secretário apontou que um dos grandes operadores para a Madeira, a Jet2, “acabou de anunciar hoje, em ofício enviado a toda a operação, que vai atrasar para 01 de julho” a sua operação para o arquipélago.
“Queremos conservar esses mesmos 35 mil lugares da operação aérea de julho”, referiu, adiantando que seria importante não “prejudicar os 21 mil lugares para junho”, sendo objetivo do Governo Regional “minimizar este impacto” e “tentar que haja consciência que a Madeira não seja tratada desta forma”.
Ainda mencionou a preocupação dos “hoteleiros, que sentiam crescer o número de reservas e apetência do mercado e vai haver cancelamentos”, o que é “nefasto para o setor”.
Comentários