O estudo, a que a agência Lusa teve acesso e que foi realizado para o ‘think tank’ de educação Edulog, da Fundação Belmiro de Azevedo, conclui que a maioria da população (68%) considera que tem um nível de escolaridade suficiente face às exigências do mercado de trabalho.
Essa perceção verifica-se também de forma expressiva nas pessoas com níveis de escolaridade mais baixos, com cerca de 70% das pessoas que têm até ao 3.º ciclo a considerar que têm as qualificações exigidas pelo trabalho, segundo o estudo, que contou com a colaboração de investigadores da Agência de Avaliação e de Acreditação do Ensino superior, do Centro de Investigação e Intervenção em Educação, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto e do Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior (CIPES) da Universidade de Aveiro.
Dos 1.201 inquiridos, quase um quarto têm ensino secundário e pós-secundário e 40% dos indivíduos com formação de ensino superior consideram que têm mais qualificações do que aquelas que são exigidas pelo mercado de trabalho, revela o estudo.
A maioria dos inquiridos (63,7%) afirma que “gostaria de ter um grau de escolaridade mais elevado do que atualmente possui”, mas “a verdade é que a maioria (55,7%), não pensa continuar ou voltar a estudar”, sublinha o estudo, que será apresentado na quarta-feira, no auditório da reitoria da Universidade de Coimbra.
“Os portugueses estão muito mais motivados para estudar por razões de desenvolvimento pessoal do que pelo mercado de trabalho. Não é o mercado de trabalho que faz com que os portugueses tenham mais educação”, disse à agência Lusa uma das investigadoras do projeto, Orlanda Tavares.
Para a investigadora do CIPES, os portugueses não consideram que é necessário terem mais qualificações “para a sua vida profissional”, porque o mercado “não exige ou não reconhece as qualificações”.
Como razões apontadas para não voltar a estudar, surge, em maior proporção, a idade (60,8%), o facto de se considerar que estudar “não faz falta para o dia-a-dia” (56,7%), nem para a vida profissional (53,5%), a falta de tempo por razões familiares (45,3%) e a falta de disponibilidade financeira (40,1%).
Nas diferenças de género, verifica-se no estudo que as “mulheres, muito mais do que os homens, identificam o excesso de qualificações escolares em relação ao trabalho” – 62% para as mulheres e 38% para os homens.
As mulheres expressam mais o “desejo de continuar a estudar”, mas também são elas “quem menos têm a intenção de concretizar esse desejo”, refere, sublinhando que invocam mais a falta de tempo e disponibilidade por razões familiares como principais razões para não continuarem a estudar.
São também as mulheres (87%) que mais asseguram, na qualidade de encarregado de educação, a relação parental com a escola.
A investigação, que aborda também a relação entre a família e a educação, conclui ainda que mais de um quarto dos portugueses afirma não ajudar os filhos nos trabalhos de casa, seja por falta de conhecimentos (11%), falta de tempo (7%) ou por considerarem que os filhos não precisam de apoio (8%).
Mais de 90% dos pais com ensino superior declara ajudar os filhos com os trabalhos de casa, sendo que apenas 21% dos inquiridos com escolaridade até ao 1º ciclo referem fazê-lo.
O estudo vai ser apresentado na quarta-feira, às 15:45, no auditório da reitoria da Universidade de Coimbra, no âmbito da 1.ª edição do ciclo de conferências Edutalks, iniciativa do Edulog.
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