Pelo menos 4.640 pessoas foram detidas hoje em 65 cidades, elevando para mais de 13.000 o total de manifestantes detidos desde o início da invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro, de acordo com o OVD-Info, que acompanha os protestos não autorizados.

Apesar da intimidação pelas autoridades e da ameaça de pesadas penas de prisão, nos últimos 11 dias têm-se verificado diariamente protestos em várias cidades de toda a Rússia.

O opositor Alexei Navalny, que é contra a intervenção na Ucrânia, pediu esta semana aos russos que se reunissem diariamente na praça principal da respetiva cidade para exigir a paz na Ucrânia.

Só hoje foram detidas cerca de 1.700 pessoas em Moscovo, segundo a polícia. Entre elas, informou a OVD-Info, figuram um dirigente da ONG Memorial, Oleg Orlov, e a ativista Svetlana Gannushkina.

Vários ativistas e ONG publicaram hoje vídeos nas redes sociais mostrando detenções brutais com uso de bastões.

As primeiras detenções tiveram lugar no Extremo Oriente e na Sibéria, devido à diferença horária: mais de 200 pessoas nas cidades de Novosibirsk e Ekaterinburg, de acordo com a OVD-Info.

As autoridades russas adotaram na sexta-feira uma nova lei para punir “informações falsas” sobre as atividades do exército russo na Ucrânia. Com penas que vão de multas a 15 anos de prisão.

Com a adoção dessa lei, vários meios de comunicação social russos e estrangeiros anunciaram a suspensão das suas atividades na Rússia.

Aqueles que se manifestam contra a presença militar russa na Ucrânia são também sistematicamente multados, de acordo com um novo artigo do código administrativo, que proíbe ações públicas “desacreditando as forças armadas”.

Segundo a agência noticiosa Ria Novosti, um residente na Sibéria foi a primeira vítima da nova lei, multado em 60.000 rublos (450 euros) por apelar para uma manifestação contra a intervenção na Ucrânia.

Nos últimos anos, dezenas de manifestantes foram condenados na Rússia a duras penas de prisão por “violência contra a polícia”.