À margem de um almoço na Feira de Solidariedade Rastrillo 2018, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pelos jornalistas sobre o conflito laboral no porto de Setúbal, onde desde 05 de novembro os trabalhadores eventuais que prestam serviço se recusam a comparecer no trabalho, em luta por um contrato coletivo de trabalho.
"Só digo que tenho acompanhado, tenho acompanhado permanentemente, tenho acompanhado com atenção e com preocupação. Espero que tenha um bom desfecho, mas não me queria pronunciar sobre isso", respondeu o chefe de Estado.
Admitindo que se trata de "uma situação importante para a sociedade e para a economia portuguesa", o Presidente da República lembrou que tem "o princípio de não comentar processos sociais específicos".
"Não vou abrir uma exceção, não vou comentar", justificou.
Antes das perguntas sobre a atualidade, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre a sua presença na Feira de Solidariedade Rastrillo, lembrando que desde que começou tem sempre marcado presença porque é uma iniciativa que “merece apoio”.
“Este ano ainda tenciono cá voltar para fazer as minhas compras de Natal, embora este ano seja um ano duplamente triste. Primeiro os meus netos não vêm passar o Natal e segundo, a seguir, vão para a China”, adiantou.
Por isso, o Presidente da República ainda não sabe bem o que é que “vai comprar, para quem é que vou comprar porque às tantas são presentes de Natal dados no começo do ano”.
Entretanto, numa adenda enviada à comunicação social, a assessoria deu nota que Marcelo Rebelo de Sousa vai voltar às 16:15 à Feira de Solidariedade Rastrillo, depois de participar na sessão solene plenária na Assembleia da República com o Presidente da República de Angola.
Um autocarro que transportava os estivadores contratados para substituir os trabalhadores eventuais do porto de Setúbal para carregar um navio com viaturas produzidas na fábrica da Autoeuropa entrou no recinto pelas 09:09.
A passagem da viatura tinha sido bloqueada pelos trabalhadores eventuais do porto de Setúbal, que desde as 06:00 estavam concentrados no local em protesto contra a sua substituição por trabalhadores exteriores ao porto.
Um forte dispositivo policial de dezenas de elementos da Unidade Especial de Polícia e da brigada de intervenção rápida está, desde o início manhã, junto ao porto de Setúbal para garantir a entrada desta viatura e o carregamento do navio.
Na segunda-feira, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, enviou uma carta ao IMT - Instituto da Mobilidade e Transportes e à APSS - Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra na qual pedia a correção das "disfunções" provocadas pelo excesso de trabalhadores precários, o que parecia indiciar que a solução do problema iria passar pela via do diálogo.
Contudo, as empresas portuárias recusam-se a dialogar enquanto o sindicato não levantar a greve ao trabalho extraordinário, que se deverá prolongar até janeiro próximo.
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