Acompanhado pelo Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu às questões dos jornalistas à saída do Aeroporto da Madeira, considerando que a situação da região em relação aos "corredores aéreos" do Reino Unido está prestes a clarificar-se.
"Tenho a certeza que essas dúvidas vão ser dissipadas nos próximos dias, porque é tão grande a evidência dos factos", disse o Presidente da República, argumentando é "patente a diferença no número de infetados e de óbitos" entre a Madeira e "diversos países europeus, Reino Unido inclusive".
Em causa está a exclusão da Madeira dos “corredores de viagem internacionais” com destinos turísticos que o Reino Unido vai abrir a 10 de julho para permitir aos britânicos passarem férias sem cumprir quarentena no regresso.
Se a situação de Portugal Continental é inequívoca — o território encontra-se excluído —, as regiões autónomas encontram-se com estatutos confusos. Se na lista do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, as duas regiões encontram-se entre os destinos turísticos seguros aos quais não é inibida a viagem, na lista dos países e territórios com os quais foram criados "corredores aéreos" do Ministério dos Transportes, nenhum território português se encontra mencionado.
O Presidente da República sublinhou que a resposta das autoridades regionais à pandemia correu "muito bem", explicando que só não se deslocou mais cedo à Madeira porque teria de cumprir quarentena obrigatória, que vigorou até 30 de junho, situação que não era compatível com as suas funções de chefe de Estado.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, "quando se fala em segurança e confiança, presente e futuro, a Madeira é um exemplo óbvio", pelo que a situação deverá ficar esclarecida. O Presidente da República, aliás, disse ter vindo ao território num "momento particularmente importante na vida da região autónoma da Madeira, e portanto Portugal, porque é o coroar de um processo complexo, difícil, mas bem sucedido em termos de gestão de uma pandemia que é dificílima".
A 1 de julho teve início uma operação de rastreio de viajantes nos aeroportos da Madeira e Porto Santo, na sequência de uma resolução do Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP, que impõe a obrigatoriedade de os passageiros apresentarem um teste negativo realizado até 72 horas antes do início da viagem, ou, então, a efetuá-lo à chegada.
O chefe de Estado disse estar "muito impressionado" com a "chegada de turistas a ritmo crescente" porque estes "vêm da Europa e de forma sucessiva e consistente", o que dá, atualmente, "uma taxa de ocupação muito significativa em relação a um ano ‘normal’ como o anterior", sendo que as previsões para os meses seguintes são ainda melhores.
Sobre as denúncias feitas pelo executivo madeirense, de coligação PSD/CDS-PP, sobre falta de solidariedade do Estado durante a pandemia, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que os "passos dados" no Orçamento Suplementar, que permite à região o endividamento até 10% do Produto Interno Bruto (PIB) regional, são "muito importantes".
"Acho que, como todas as histórias, o fim é o que importa e o fim está a ser aquele que todos desejamos", declarou, adiantando, no entanto, que a Madeira precisa de "ter a compreensão" das principais forças políticas ao nível da Assembleia da República, para poder dar "passos fiscais, económicos e financeiros".
O chefe de Estado inicia hoje uma visita de menos de 24 horas à ilha, que inclui uma deslocação, no domingo, à freguesia de Câmara de Lobos, onde foi instalada uma cerca sanitária entre 19 de abril e 3 de maio, devido à identificação de uma cadeia de transmissão de covid-19.
A Madeira registou até hoje 92 casos de covid-19, já com 90 recuperados e apenas dois ativos, sem necessidade de cuidados hospitalares.
[Notícia atualizada às 21:30]
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