O chefe de Estado falava no 11.º Encontro Empresarial Ibero-Americano, em Cartagena das Índias, na Colômbia, num debate em que esteve no palco com os presidentes dos países do bloco comercial Aliança do Pacífico: Chile, Colômbia, México e Peru.
Depois de ouvir o Presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, com quem horas antes teve um encontro bilateral, contar como dispensou os seus assessores, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, em castelhano: "Também ganhei sem assessores". "Não é exclusivo do Peru", acrescentou, provocando risos.
Neste encontro empresarial, que antecede a 25.ª Cimeira Ibero-Americana, o Presidente da República foi questionado sobre a relação de Portugal com a Aliança do Pacífico, mas preferiu deixar uma mensagem sobre a educação, o tema que estava a ser debatido antes.
"A Aliança do Pacífico é muito importante para Portugal, muito importante para a União Europeia também. Mas muito mais importante é a educação, a juventude e as crianças", defendeu, recebendo palmas.
O chefe de Estado considerou que "a educação depende da cultura cívica" e lamentou que não tenha maior impacto nos resultados de eleições: "Todos os políticos dizem que têm uma paixão pela educação, mas ninguém ganha eleições com a educação. Isto é grave".
"Ganham com o emprego, com a situação económica, financeira, a segurança, os receios internos e externos. A educação é algo a médio e longo prazo, os resultados são visíveis em dez, vinte, vinte e cinco anos. Uma obra pública vê-se para as eleições seguintes", expôs.
Perante os membros de delegações ibero-americanas presentes, entre os quais estava o rei de Espanha, Felipe VI, na primeira fila da assistência, Marcelo Rebelo de Sousa declarou: "Conferências e cimeiras é uma coisa, comunidade é outra coisa. Temos de ganhar a juventude para a Comunidade Ibero-Americana".
O Presidente da República falou também no papel dos professores, referindo que hoje os alunos estão mais tempo com eles do que com os pais, e defendeu que "têm uma responsabilidade de exemplo: quando dizem uma coisa e fazem o contrário há uma contradição terrível".
E comparou os "agentes educativos" do seu tempo de estudante com os atuais, dizendo que antes eram "a família, os professores, a Igreja [Católica], um pouco a televisão, que começava" e hoje são "a Internet, a televisão, depois os professores e a família, e a Igreja".
"Os gurus eram na minha juventude os políticos, os religiosos, os intelectuais, os filósofos. Hoje são os futebolistas, os do 'showbiz' - são os gurus, este é o facto, há exceções, mas é a realidade", acrescentou.
No início deste encontro empresarial, Marcelo Rebelo de Sousa felicitou o Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pelo prémio Nobel da Paz, e arrancou um aplauso da plateia ao afirmar que foi "um prémio Nobel para o mundo ibero-americano".
Antes de participar neste debate, o Presidente da República teve uma reunião com o Presidente do Peru e outra com representantes de empresas portuguesas com presença na América Latina, como a Mota Engil, a Vista Alegre, a Jerónimo Martins e a Inova 2S.
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