Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, este assunto tem de ser gerido “com inteligência, a tempo e com flexibilidade”, o que implica “não terem de todos concordar com tudo, mas um núcleo duro muito forte concordar”.
“Isso está aberto aos outros, se quiserem entrar — se não quiserem entrar, contribuem pagando”, acrescentou o chefe de Estado, que respondia a perguntas dos jornalistas, em Nova Iorque, a propósito de declarações feitas hoje pelo alto representante da União Europeia para a política externa, Josep Borrell.
Os países que “não querem ter migrantes” ou que “não querem ter migrantes de determinada forma, com um determinado regime”, podem ficar de fora, “mas têm de ser minimamente solidários, porque aqueles que os vão receber estão a fazer um esforço adicional que tem de ser compensado por quantos não recebem”, sustentou.
O Presidente da República adiantou que as migrações serão “um dos temas” da reunião informal de chefes de Estado do Grupo de Arraiolos que terá lugar em Portugal, no Porto, entre 05 e 06 de outubro, em que também se irá “discutir a guerra” na Ucrânia e “o futuro da União Europeia” em termos gerais.
Josep Borrell considerou hoje que o problema dos migrantes ameaça ser “uma força dissolvente para a União Europeia”, em entrevista ao jornal britânico The Guardian.
Marcelo Rebelo de Sousa foi interrogado sobre esta posição do chefe da diplomacia da União Europeia no fim de uma visita ao mercado de Chelsea, em que esteve acompanhado pela embaixadora dos Estados Unidos da América em Portugal, Randi Charno Levine.
O chefe de Estado respondeu que em relação ao tema das migrações “vai ser difícil que haja acordo” entre todos e “provavelmente a única maneira” de enfrentar este e outros problemas é com “uma União Europeia muito flexível”, com “vários estatutos”, como já acontece com a moeda única e com a política externa e de defesa.
“Quem não quiser entrar nas migrações tem de aceitar o papel dos outros, tem de compreender e ser solidário”, reiterou.
Na sua opinião, não está em causa a arquitetura da União Europeia, mas a União Europeia “não pode perder todo o tempo do mundo a decidir isso, tem de dar passos antes do alargamento, portanto, a tempo”.
No mercado de Chelsea, com a embaixadora norte-americana em Portugal e o marido, Jeffrey E. Levine, Marcelo Rebelo de Sousa passou por um café do empresário luso-americano Joey Bats, que vende pasteis de nata, e que apontou como exemplo de uma comunidade portuguesa rejuvenescida.
“É outra comunidade, é outra projeção da economia portuguesa, e isso é bom”, declarou.
O Presidente da República referiu que, “por coincidência, esta área é muito bem conhecida pela embaixadora dos Estados Unidos em Portugal”, Randi Levine, e que o seu marido, Jeffrey Levine, “é um dos grandes investidores em Manhattan” e “esteve na base do nascimento, há 20 anos, deste mercado”.
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