“Há uma coisa que temos de reconhecer, independentemente do que ela diga: é a gratidão que devemos à chancelerina Angela Merkel por aquilo que fez pela Europa. Isso nós todos agradecemos e é bom que seja dito agora que está a três meses de sair”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, em Lisboa.
O chefe de Estado falava após visitar um centro de vacinação contra a covid-19 num pavilhão da Cidade Universitária para pessoas a partir dos 50 anos de idade sem agendamento.
Questionado sobre as críticas que a chanceler alemã fez à falta de regras comuns na União Europeia relativamente às viagens, apontando como exemplo “uma situação em Portugal que talvez pudesse ter sido evitada”, o Presidente da República contrapôs que “é uma inevitabilidade” cada Estado-membro adotar as suas regras.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “o que disse a chancelerina Angela Merkel corresponde a um problema europeu, isto é, na Europa cada país decidiu unilateralmente quer a entrada quer a saída dos outros europeus, quer as formas de restrição interna de acordo com a evolução da epidemia”.
“E como na Europa tem havido ciclos diferentes, tem havido momentos em que os vários Estados se queixam uns dos outros. Nós já nos queixámos da Alemanha, a certa altura, quando um membro do Governo alemão veio falar unilateralmente do que se ia passar em relação a portugueses, aparentemente sem o conhecimento do Governo português”, referiu.
“Todos os Estados, de alguma maneira, já se queixaram alguma vez daquilo que se passou noutros Estados”, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que “era difícil” ter havido melhor coordenação de regras na União Europeia.
“Idealmente, eu cheguei a pensar, no início, que fosse possível haver decisões comuns sobre entradas, saídas em todos os Estados da União Europeia. Mas isso era supor que a epidemia tinha o mesmo processo em todos ao mesmo tempo. E aprendeu-se em 2020 e voltou a aprender-se em 2021 que isso não acontecia, porque nuns casos a epidemia vinha de Leste para Ocidente, noutros casos de Ocidente para Leste”, argumentou.
O chefe de Estado concluiu que, “portanto, uma coisa é a teoria, outra coisa é a prática”.
A seguir a fazer estas declarações, o Presidente da República quis deixar um elogio a Angela Merkel, observando que “na política quando se chega ao fim de uma carreira não há gratidão, há depois uns tempos mais tarde”.
“E a gratidão fica expressa, que nós não esquecemos o que ela fez pela Europa, quando pensamos no PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) e pensamos nos fundos europeus, ela foi essencial para que isso acontecesse. E é importante que o digamos quando está tão perto do fim da sua longa carreira política”, reforçou.
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