“José Mattoso foi um dos maiores historiadores portugueses e um dos grandes sábios portugueses”, lê-se numa nota publicada na página oficial da Presidência da República.
O chefe de Estado recorda que José Mattoso, “filho de um conhecido historiador”, começou “por ser monge beneditino, em Portugal e na Bélgica, tendo-se licenciado em História e doutorado em História Medieval pela Universidade Católica de Lovaina”.
“Regressado ao nosso país, e à condição laical, foi durante décadas investigador e professor, nomeadamente na Universidade de Lisboa e Universidade Nova de Lisboa, diretor do Instituto Português de Arquivos e diretor da Torre do Tombo”, lê-se na nota.
Marcelo Rebelo de Sousa destaca ainda que, “além de uma longa e indispensável bibliografia no campo da História Medieval”, José Mattoso coordenou também uma “importante História de Portugal em oito volumes” e “escreveu sobre a historiografia e sobre a identidade nacional”.
“Um dos seus livros mais lidos e mais premiados é ‘Identificação de um País: Ensaio sobre as Origens de Portugal’. A biografia ‘D. Afonso Henriques’ diz não apenas tudo o que é possível dizer de um rei acerca do qual existem poucas fontes, mas tudo sobre a época em que viveu”, refere-se.
O Presidente da República recorda que, devido à sua obra, foi atribuído o Prémio Pessoa a José Mattoso, assim como o grau de Grande-Oficial da Ordem de Sant’iago da Espada.
“Teve igualmente algumas intervenções no âmbito cívico e político e dedicou um tocante empenho à nascente nação de Timor-Leste. Mesmo depois de deixar a vida consagrada, nunca abandonou a dimensão do sagrado e da fé”, destaca-se.
O chefe de Estado salienta que, no passado mês de janeiro, quando José Mattoso fez 90 anos, teve a oportunidade “de lhe exprimir a gratidão e a admiração dos portugueses”.
“Na sua partida, manifesto à família de José Mattoso o meu sentido pesar”, lê-se.
O historiador José Mattoso morreu hoje com 90 anos, afirmou o atual diretor da Torre do Tombo, destacando o seu papel na modernização dos arquivos nacionais e municipais.
Em declarações à Lusa, Silvestre Lacerda confirmou a morte “esta manhã” de José Mattoso, ex-diretor da Torre do Tombo, destacando que o historiador se preocupou em “valorizar a memória nacional”.
O atual diretor da Torre do Tombo recordou que José Mattoso foi presidente do Instituto Português de Arquivos, criado em 1988, 2u4 foi o primeiro organismo português vocacionado para criar e gerir um sistema nacional de arquivos.
Da fusão do Instituto Português de Arquivos com o Arquivo Nacional da Torre do Tombo resultaram os atuais Arquivos Nacionais/Torre do Tombo.
Quando dirigiu a Torre do Tombo, de 1996 a 1998, José Mattoso colocou Portugal “em contacto com o Conselho Internacional de Arquivos”, lembrou Silvestre Lacerda.
José Mattoso nasceu em Leiria a 22 de janeiro de 1933, e foi o primeiro a ser distinguido com o Prémio Pessoa, em 1987.
Autor de mais de 30 obras (algumas em colaboração), renovou o interesse pelo estudo da Idade Média portuguesa, área sobre a qual publicou a maior parte da sua obra, nomeadamente “Identificação de um País” (1985), que apresentou novas linhas de investigação sobre aquele período.
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