Este momento não estava na agenda da deslocação ao Rio de Janeiro, no âmbito das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, mas o Presidente fez questão de se deslocar à festa, que decorria junto ao porto onde está ancorado o navio-escola Sagres, e onde almoçara horas antes.

O programa previa, durante a tarde, a assinatura de um acordo no Real Gabinete Português de Leitura, mas o Presidente e o primeiro-ministro avisaram que voltariam de seguida.

O primeiro-ministro já não regressou, porque tinha uma entrevista marcada com uma publicação brasileira, mas Marcelo Rebelo de Sousa sim, acompanhado pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, e por deputados portugueses que integram a comitiva, para alegria de centenas de pessoas que ali comemoravam o 10 de Junho, com churrasco e sardinhas assadas e ao som de música.

Marcelo foi saudado com aplausos e distribuiu abraços, beijinhos, tirou dezenas de fotografias – muitas vezes, ele próprio agarrando o telefone – e até subiu ao palco para deixar “um abraço de Portugal ao Rio de Janeiro, ao Brasil, aos irmãos brasileiros e luso-brasileiros”.

“Viva o Brasil, viva Portugal”, exclamou, recebendo muitos aplausos e gritos de incentivo.

“É muito impressionante a forma como há uma ligação entre portugueses, brasileiros e luso-brasileiros”, comentou o Presidente, assinalando que os participantes naquela festa “celebram os Santos Populares como se estivessem em Portugal”.

Das pessoas que o cumprimentavam, Marcelo recebeu muitos elogios: “É o Presidente mais humano que Portugal já teve”, disse uma mulher. “Não, foram todos bons”, respondeu.

Outros assinalavam as diferenças em relação ao Presidente brasileiro, Michel Temer.

“Isso é lindo. Temer aqui nunca [viria]. Ele devia ter medinho”, afirmou uma mulher.

Vera Lúcia afirmou que o chefe de Estado português “devia trazer um pouco de civismo e respeito” ao Brasil.

Paulo Vieira do Nascimento lançou um pedido ao Presidente português para que ajude o Brasil.

“O Brasil está um desastre, os portugueses não deveriam ter saído daqui nunca”, lamentou.

Uma antiga aluna de Marcelo Rebelo de Sousa na Faculdade de Direito de Lisboa, a brasileira Maria do Rosário Amaral garantiu: “Foi o melhor professor que eu tive. Humilde, compreensível, que me deu todo o apoio. Tenho muito orgulho de ter sido sua aluna, muito”.

No meio de toda a agitação, uma pequena pausa: Marcelo manteve-se em silêncio enquanto era içada a bandeira portuguesa no navio-escola Sagres.

O programa da visita, que começou ainda no dia 10 à noite em São Paulo, termina hoje à noite com a inauguração do novo edifício da chancelaria do consulado português no Rio de Janeiro e uma receção à comunidade portuguesa, a maior no Brasil, com mais de 345 mil pessoas.