"De facto, estes dois dias ultrapassaram as expectativas", explicou Marcelo Rebelo de Sousa, que hoje assistiu em Luanda à investidura de João Lourenço como novo Presidente da República de Angola, tendo recebido então a mais forte ovação do dia por parte dos milhares de angolanos que assistiam à cerimónia.
"Nos vários poderes, como novo povo em geral, encontrei de facto um calor, uma simpatia, um acolhimento excecional", acrescentou o Presidente português, ao ser questionado pela Lusa sobre o efeito mediático da visita de dois dias a Angola.
Desde segunda-feira que se multiplicam fotografias nas redes sociais tiradas por Marcelo Rebelo de Sousa nos passeios que realizou por Luanda ou mesmo do mergulho no Atlântico logo na segunda-feira, acabado de chegar à capital angolana.
Esse mergulho foi justificado pelo próprio Presidente com a rotina dos períodos em que se deslocava a Luanda para lecionar direito na Universidade Agostinho Neto, mas o gesto valeu-lhe nas redes sociais a alcunha, generalizada, de "Ti Celito", além de elogios de todos os quadrantes da sociedade, desde logo por demonstrar a segurança da capital da angolana, mas também a qualidade das águas.
Em Luanda, Marcelo afirmou ter encontrado antigos alunos que hoje ocupam cargos de destaque na administração do país, antigos colegas, alguns até juízes, inclusive no Tribunal Constitucional. Além disso, logo na segunda-feira, levou cerca de 20 minutos a percorrer a entrada na Escola Portuguesa de Luanda, com dezenas de estudantes, portugueses e angolanos, a disputarem a habitual 'selfie' com o "Presidente Marcelo".
"Muito bem, muito bem. Ultrapassando as expectativas", reforçou, em jeito de balanço, depois de também ter estado reunido com José Eduardo dos Santos, o Presidente cessante.
Ainda assim, e apesar de ter sido o único chefe de Estado europeu presente na investidura de João Lourenço, Portugal não figurou da lista de principais parceiros a considerar por Angola, no discurso de tomada de posse do novo Presidente angolano.
"O fundamental é eu ter sentido, em todos os encontros, ontem e hoje, que o povo português é visto como um povo irmão e o Estado português é visto como um Estado irmão, relativamente ao povo e ao Estado angolano", disse Marcelo, sem querer comentar o discurso do agora homólogo angolano.
"Angola dará primazia a importantes parceiros, tais como Estados Unidos da América, República Popular da China, a Federação Russa, a República Federativa do Brasil, a índia, o Japão, a Alemanha, a Espanha, a Franca, a Itália, o Reino Unido, a Coreia do Sul e outros parceiros não menos importantes, desde que respeitem a nossa soberania", anunciou hoje João Lourenço, no seu discurso de investidura.
O novo chefe de Estado não fez qualquer referência a Portugal, principal origem das importações angolanas, no seu primeiro discurso oficial, numa altura de tensão na relação entre os dois países, decorrendo investigações das autoridades portugueses a figuras do regime angolano.
"Devemos continuar a pugnar pela manutenção de relações de amizade e cooperação com todos os povos do mundo, na base dos princípios da não-ingerência nos assuntos internos e na reciprocidade de vantagens, operando com todo os países para salvaguarda da paz, da Justiça e do progresso da humanidade", acrescentou Lourenço.
Marcelo Rebelo de Sousa tem regresso a Lisboa marcado para esta noite.
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