Marcelo Rebelo de Sousa não referiu o Wagner, o principal grupo de mercenários que opera em África, em países como o Mali ou a República Centro-Africana (RCA), mas quis comentar uma pergunta feita ao homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre os paramilitares russos.

“Portugal tem experiência na sua intervenção em missões internacionais, nomeadamente em África, que lhe permite acompanhar intervenções de grupos não africanos nessas sociedades e Estados, em que estamos a cumprir uma missão de estabilização política”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, sem especificar o que queria dizer por “acompanhar”.

Em conferência de imprensa conjunta com Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenksy, foi questionado sobre a presumível morte do líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, na quarta-feira, na sequência da queda de um avião que fazia uma ligação entre Moscovo e São Petersburgo, na Rússia.

Zelensky não se alongou no comentário à provável morte de Prigozhin, mas comentou que a Ucrânia “não tem qualquer ligação a esta situação”. O Presidente ucraniano até fez uma piada com esta questão: “quando a Ucrânia falava aos países de todo o mundo sobre aviões, não era isto que queríamos dizer. Honestamente. Tínhamos em mente algo muito diferente e queríamos apoio.”

O Presidente da Ucrânia pediu o apoio de Portugal, que tem fortes ligações a África através da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) – que inclui países como Cabo Verde, membro da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) – para ajudar a transmitir a necessidade de apoiar a Ucrânia na luta contra a invasão russa.

Há vários países africanos com posições neutras em relação ao conflito, alinhadas com Moscovo ou até ambíguas, como é o caso de Moçambique.

O chefe de Estado português foi também questionado sobre que garantias adicionais de apoio é que Portugal pode dar à Ucrânia, nomeadamente com o envio de caças F-16.

“Os F-16… Eu não entro em pormenores, em termos de cooperação militar para além daquilo que já é conhecido e o que já é conhecido é que Portugal, até este momento, já disponibilizou, no âmbito da sua cooperação militar, o treino e tudo o que possa respeitar a infraestruturas e manutenção no domínio de meios aéreos”, comentou.

Até hoje, a posição de Portugal é a de participar na formação de pilotos ucranianos no manuseamento dos caças F-16, assim como a sua manutenção, mas não colocou em cima da mesa a disponibilização das aeronaves de combate.

O Ministério da Defesa referiu em várias ocasiões a totalidade dos F-16 que Portugal tem e que estão operacionais está empenhada no patrulhamento do espaço aéreo português e em missões da Aliança Atlântica.