O chefe de Estado assumiu esta posição em declarações aos jornalistas após visitar o Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque, onde chegou no sábado e ficará até quarta-feira, para participar na 76.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Como "grandes poderes", o Presidente da República apontou "os Estados Unidos da América, em primeiro lugar, e, a emergir, a China", referindo depois que "há antigos grandes poderes como a Federação Russa, hoje mais regional do que global".

"E há uma potência que se afirma economicamente, que é a União Europeia, e que tem de se afirmar cada vez mais politicamente", defendeu.

Marcelo Rebelo de Sousa fez esta análise a propósito da intervenção que fará na terça-feira perante a Assembleia Geral da ONU, em que adiantou que irá, "numa passagem do discurso, falar de como Portugal acolhe afegãos", assinalando que "isto é importante porque não é pacífico nem na União Europeia nem no resto do mundo".

"Mas vou, sobretudo, chamar a atenção para isto: é que não há nenhuma potência, por forte que seja, que possa defender o unilateralismo, quer dizer, sozinha resolver os problemas, e que é preciso haver aliados, por um lado, e que os aliados se deem bem, mas depois é preciso alargar para além dos aliados", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa questionou se "há condições para isso se fazer, porque as pessoas dialogam", ou se pelo contrário "há confronto", e considerou: "Estamos nessa indecisão. Os grandes poderes vão falar ou não vão falar? E vão falar com os médios poderes, sim ou não?".

"Vão falar? E vão falar com outras realidades, potências regionais de outros continentes, para resolver os problemas do globo?", interrogou.

O Presidente da República elencou como matérias em cima da mesa, que aguardam entendimentos, as alterações climáticas, a segurança à escala global e o combate ao terrorismo e as migrações, e perguntou: "Vamos dar passos? Vamos parar?"

No seu entender, esta é uma altura "de transição", com a pandemia de covid-19 ainda a prolongar-se, em que "ninguém se compromete".

Neste ponto, Marcelo Rebelo de Sousa observou que "há agora a promessa da administração americana de em novembro levantar interdições" – numa alusão ao anúncio de que os Estados Unidos da América passarão, a partir do início desse mês, a permitir a entrada de viajantes da União Europeia e do Reino Unido com vacinação completa contra a covid-19 e teste negativo, sem necessidade de quarentena.

"O período da transição é muito interessante, mas é sempre o mais complicado, porque ninguém se compromete. Quer dizer, ainda ninguém quer dar o passo. Uns olham para os outros a dizer: Que passo é que vais dar? Tu cedes ou não cedes? Se tu cederes eu cedo, se não cederes eu não cedo. E estamos assim", descreveu.

[ Inês Escobar de Lima, da agência Lusa]