“Se me comprometesse ao que quer que fosse, não teria assinado” o empréstimo de 9,4 milhões de euros contraído em 2014 num banco checo-russo, ainda em processo de reembolso, assegurou Marine Le Pen.

“Assinei um empréstimo com um banco, não assinei um empréstimo com Vladimir Putin”, o Presidente russo, insistiu a candidata derrotada à segunda volta das eleições presidenciais contra Emmanuel Macron em 2017 e 2022, durante uma audição de quatro horas perante a comissão parlamentar de inquérito sobre ingerências estrangeiras.

Os seus adversários acusam o partido de Le Pen, a União Nacional (UN), principal formação da oposição na Assembleia Nacional desde as eleições legislativas de 2022, de ser um agente da influência russa em França.

Esta comissão parlamentar de inquérito dedicada às ingerências estrangeiras foi criada pelo grupo da UN na câmara baixa do parlamento francês no final do ano passado, precisamente para tentar cortar essas suspeitas pela raiz. Os outros partidos criticaram a sua criação, descrevendo-a como uma “manobra de diversão”.

A dirigente da extrema-direita explicou que o seu partido atravessava, na altura, uma situação financeira difícil e estava com dificuldade em encontrar um credor europeu.

“Era isso ou a morte” do partido, então chamado Frente Nacional (FN), afirmou.

Questionada sobre se esse apoio vital pesou no apoio dos dirigentes da FN à Rússia após a invasão da Crimeia, em 2014, Le Pen respondeu: “A obtenção de um empréstimo não alterou em nada opiniões que eram as nossas desde sempre”.

Depois de ter defendido a anexação russa da península ucraniana da Crimeia e apelado, em 2017, para o levantamento das sanções internacionais impostas a Moscovo, Marine Le Pen mudou de posição quando a Rússia invadiu a vizinha Ucrânia, em fevereiro de 2022, classificando tal ato como “uma agressão”.

Submetida às perguntas dos deputados, Le Pen, recebida no Kremlin alguns dias antes das eleições presidenciais de 2017, assegurou “nunca” ter falado sobre o empréstimo com Putin ou com outros responsáveis políticos russos com quem se reuniu.

Afirmou também que, se tivesse sido eleita em 2017, teria proibido os partidos políticos franceses de contraírem empréstimos junto de entidades bancárias estrangeiras.

E defendeu ainda a criação de um “banco da democracia” para ajudar as várias formações a financiar, em especial, as respetivas campanhas eleitorais — uma ideia recorrente, inclusive nos partidos da maioria, mas à qual Macron nunca deu seguimento.

As conclusões desta comissão de inquérito são esperadas no início de junho.

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