"É pelo bem da França e da Europa, mas também acredito que os Estados Unidos não tenham qualquer interesse em ver surgir um tratado sino-russo", disse a candidata à Presidência da França, que apresentou hoje a sua visão da política externa do país.
Le Pen ressalvou que não deseja "submissão nem a Moscovo, nem aos Estados Unidos".
Na campanha de 2017, a líder do Reagrupamento Nacional (RN) foi recebida pelo presidente russo, Vladimir Putin, e tem sido frequentemente acusada pelos seus adversários de uma certa proximidade com o governo russo. A conferência de imprensa que deu esta quarta-feira foi, inclusive, interrompida por um grupo de esquerda, que a condenou pela sua "complacência" em relação a Putin.
A candidata alega que estas acusações contra ela "são particularmente injustas". "Sou totalmente independente de qualquer relação, de qualquer potência, de qualquer governo de qualquer nacionalidade", declarou.
Marine Le Pen condenou a invasão russa e foi a favor do acolhimento, por parte da França, de refugiados procedentes da Ucrânia. Rejeita, no entanto, a adoção de sanções económicas contra Moscovo para "não prejudicar" o poder de compra dos franceses.
A candidata, também hoje, rebateu a acusação feita pelo presidente Emmanuel Macron, segundo a qual Le Pen quer tirar a França da União Europeia (UE). "Somos claramente europeus", garantiu, ressalvando que um "Brexit francês" não está na sua agenda.
A candidata disse ser, no entanto, a favor da transformação da UE numa "aliança das nações europeias (...) respeitosa com as nações livres e soberanas", e não uma "Europa que ameaça e faz chantagem".
A 24 de abril, Le Pen enfrenta Macron, na segunda volta das eleições presidenciais francesas. Conforme três sondagens divulgadas nesta quarta-feira, Macron está a ampliar a sua vantagem sobre Le Pen e, por enquanto, aparece com entre 53% e 55% das intenções de voto, contra entre 45% e 47% da oponente de extrema direita.
Os dois candidatos intensificaram as atividades de campanha desde segunda-feira e, no próximo dia 20, estarão cara a cara em um debate a ser transmitido pela televisão.
Ambos tentam conquistar, sobretudo, o eleitorado do líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, que obteve 22% dos votos na primeira volta, realizada no último domingo.
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