“Este Orçamento do Estado, se os professores o pudessem votar, era claramente chumbado”, afirmou o dirigente da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) aos jornalistas em Viseu, onde hoje decorre mais um plenário.
Como se segue “a fase de debate de especialidade e os partidos podem apresentar propostas de alteração até ao próximo dia 11, para que depois sejam discutidas e votadas”, os professores esperam que os grupos parlamentares apresentem “propostas que deem resposta aos problemas que neste momento estão a afastar professores da profissão”, acrescentou.
Mário Nogueira afirmou que “o conteúdo do Orçamento do Estado para a Educação não é zero, são menos 600 milhões de euros do que em 2022”.
Isto passa-se num país que, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), “precisava de despender cerca de mais dois mil milhões de euros para poder resolver os problemas que a educação tem” e chegar à despesa média dos países que a integram.
“O senhor ministro aligeira esta redução de 600 milhões, até dizendo que tem a ver com a transferência de funcionários para os municípios no quadro da municipalização e depois esgota o seu discurso em palavras de tremendo e grande desrespeito pelos professores”, lamentou.
O dirigente da Fenprof disse que o governante “tem duas tónicas no seu discurso em relação aos professores”, sendo a primeira “insinuar a todo o momento que metem baixas fraudulentas” e a segunda que “o problema da instabilidade e da precariedade resolve-se com os diretores a contratarem e também a decidirem a entrada nos quadros”.
“Estes são dois discursos, duas tónicas, que os professores estão em completo desacordo”, frisou.
Segundo Mário Nogueira, o Governo não parece preocupado com os problemas da classe, nem com o facto de haver cada vez mais falta de professores e, por isso, espera uma grande mobilização para a greve de quarta-feira.
“É por isso que, no dia 02, em que o senhor ministro vai estar na Assembleia da República a defender o indefensável, que é o financiamento previsto no Orçamento do Estado para a Educação, os professores vão estar em greve”, sublinhou.
Atendendo ao que tem ouvido nos plenários, o secretário-geral da Fenprof espera “uma grande greve de professores”, que não querem “deixar passar em claro” a falta de atratividade da profissão.
“Este ano saem para a aposentação 2.300 professores e os jovens que entraram nos cursos de formação de professores são menos de metade. Portanto, alguma coisa tem que ser feita”, defendeu, avançando que poderá haver mais protestos ainda este ano.
Mais de dois meses após o arranque do ano letivo, Mário Nogueira estimou que, retirando “as pessoas que, com toda a sua boa vontade, estarão a dar resposta, mas não são professores, são outros diplomados”, faltarão entre três e quatro mil professores em Portugal.
“Como são disfarçados estes problemas com o recurso a não professores, eu diria que, tendo em conta os números que vêm nas ofertas de escola, neste momento são mais de 30.000, provavelmente bem próximo de 40.000, os alunos que não têm os professores todos”, acrescentou.
A estes vão juntar-se os que, entretanto, se vão reformar, por isso, Mário Nogueira deixou o aviso: “só em outubro, novembro e dezembro são mais de 600, isso vai levar a que o número de professores em falta vá cada vez ser maior”.
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