A reunião do Infarmed permitiu olhar para o futuro através da lente "da vacinação", revelou a governante à comunicação social, elogiando o trabalho dos profissionais de saúde neste capítulo.

"O próximo Conselho de Ministros terá por base uma situação de alguma esperança relativamente àquilo que é uma situação que ainda vivemos, a pandemia, mas a qual podemos perspectivar um regresso às nossas vidas se torna cada vez mais próximo e, como hoje foi discutido, preparar o Inverno", aferiu Marta Temido.

Quase dois meses depois do último encontro, a sede do Infarmed, em Lisboa, voltou hoje a acolher mais uma reunião entre políticos e peritos.

Da epidemia a diferentes velocidades, aos planos para vacinar os adolescentes a partir de agosto, passando pela efetividade do tipo de vacina mRA e pela previsão de "um Inverno na qual a vida se pode aproximar muito daquilo que era antes", os peritos deixaram a sua análise para aquilo que deve ser o caminho para o futuro. Ponto por ponto, recorde o que foi recomendado ao Governo e aquilo que deixou Marcelo Rebelo de Sousa "irritantemente otimista".

Questionada sobre a abordagem que o Conselho de Ministros deverá ter para o futuro próximo, face à atual situação epidemiológica, Marta Temido antecipou uma "uniformidade" de medidas, perante a prevalência da variante Delta do vírus SARS-CoV-2 "em mais de 95% do território nacional" e um "número muito significativo de concelhos em que a incidência é superior a 120 casos por 100 mil habitantes" a 14 dias.

"Tem sido fundamental conseguir mais vacinas, para prepararmos agora este próximo Conselho de Ministros com uma situação de alguma esperança relativamente a uma situação que ainda vivemos de pandemia, mas na qual podemos perspetivar a forma como o regresso às nossas vidas se torna cada vez mais próximo", sentenciou.

Vacinação de adolescentes entre os 16 e 19 anos

Além desta situação acrescentou que outro assunto em discussão no Conselho de Ministros será a vacinação dos adolescente entre os 16 e 19 anos. Neste âmbito, a ministra anunciou que se trata de uma questão que "já está clarificada", a par da situação da vacinação "entre os 12 e os 16 anos em casos de comorbidades, que nos vão ser agora listadas pela DGS".

"Todos queremos ter essa informação o quanto antes e estamos preparados para vacinar estas faixas etárias em termos logísticos, dependemos agora desta avaliação técnica e há também uma decisão que pode ser tomada para além dessa decisão técnica", referiu.

Marta Temido rebateu ainda a tese de uma maior resistência à vacinação contra a covid-19 entre os mais jovens, ao citar o estudo hoje apresentado pela diretora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Universidade Nova de Lisboa, Carla Nunes.

"Por vezes temos a ideia de que são os mais jovens que mais reativos são à vacinação e o que hoje foi referido é que a hesitação vacinal está concentrada num grupo etário mais avançado, entre os 45 aos 60 anos", indicou.

A ministra da Saúde enfatizou a "capacidade que a vacinação tem em reduzir em três vezes o risco de internamento e de óbito", reforçando a efetividade vacinal como um aspeto "determinante para continuar a caminhar e a lutar contra a infeção".

Marta Temido admite "abertura" para presença de público na Supertaça

A Supertaça Cândido de Oliveira, que vai ser decidida entre o campeão Sporting e o vencedor da Taça de Portugal Sporting de Braga, está marcada para este sábado, às 20:45, no Estádio Municipal de Aveiro.

"Em relação ao público nos eventos organizados em ambiente aberto, aquilo que ficou hoje referido pelos peritos foi que há, face a esta situação de aumento da vacinação, possibilidade de fazer essa abertura", adiantou Marta Temido, contrapondo uma "maior restrição" para eventos que decorram em espaços fechados e citando a recomendação dos especialistas para um maior arejamento desses recintos.

A governante avançou também com a possibilidade de a decisão da Supertaça ser viabilizada "como um evento-teste".

"É uma hipótese que está em cima da mesa. Ficámos mais confiantes e mais certos daquilo que eram as nossas perspetivas pelo que ouvimos nesta sessão. É possível isso, é até desejável isso, desde que as regras sejam cumpridas", observou, lembrando a importância do uso de máscara, distanciamento físico e a possível utilização de testes ou de certificados para viabilização de entrada dos adeptos.

Embora tenha aberto a porta ao regresso dos adeptos, Marta Temido evitou comprometer-se de forma definitiva sobre essa matéria e remeteu uma decisão para quinta-feira, quando se realiza o próximo Conselho de Ministros.

"Não sei exatamente o calendário desportivo, mas foi essa a recomendação que saiu hoje: eventos em espaço aberto, onde as pessoas se sentam e se organizam de uma forma coordenada e com respeito pelas regras, são possíveis", finalizou.

Ritmos de vacinação distintos condicionam controlo de fronteiras

Os diferentes ritmos de vacinação contra a covid-19 entre os países levantam dificuldades no controlo de fronteiras para vigilância da situação epidemiológica, reconheceu hoje a ministra da Saúde, que acredita, porém, na retoma da normalidade.

"Desde há vários meses que sabemos que este é um tema que mais dificuldades vai trazer. Os países não estão todos com o mesmo ritmo de vacinação, não podem todos aceder às vacinas da mesma forma", afirmou Marta Temido.

As variantes do vírus SARS-CoV-2, sustentou, "têm entrado pela circulação de nacionais de outros países", razão pela qual defendeu a necessidade de uma atenção particular ao trabalho de monitorização de fronteiras. "Com regras é possível retomar alguma normalidade", notou.

Por outro lado, a ministra com a tutela da área da Saúde relembrou o "esforço enorme na afetação de tempo de trabalho dos profissionais para vacinação e mais recentemente na concretização da possibilidade de receber mais vacinas", sem deixar de indicar as últimas aquisições conseguidas para acelerar a cobertura vacinal da população.

"Ainda hoje chegaram mais vacinas da Hungria, já recebemos vacinas da Noruega, teremos mais vacinas - sensivelmente 300 mil da Janssen - de Itália, que poderão ser um reforço para anteciparmos a vacinação o mais possível e chegarmos nas melhores condições possíveis ao outono", esclareceu.

Em relação ao eventual levantamento de algumas medidas não farmacológicas, como a obrigatoriedade do uso de máscara de proteção contra a propagação do vírus, Marta Temido fez questão de recordar as intervenções dos peritos na sessão e manteve que o "uso de máscara no exterior é obrigatório quando não seja possível manter a distância" e que "no interior é para usar sempre".

Com Lusa