A bancada do PSD vai ter na quarta-feira uma reunião extraordinária, marcada para as 11:00, antes do debate quinzenal com o primeiro-ministro, agendado para as 15:00.
"Não será surpresa para ninguém que o PSD não esteja disponível para dar qualquer tipo de apoio ou manifestar qualquer tipo de boa vontade relativamente à atuação de um Governo cuja atuação tem sido marcada pela violação básica das suas responsabilidades fundamentais", declarou o também vice-presidente da Assembleia da República, nos passos perdidos do parlamento.
A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, anunciara antes a apresentação de uma moção de censura ao Governo devido à falha em "cumprir a função mais básica do Estado: proteger as pessoas", adiantando que o texto será entregue na quarta-feira "ou depois".
Para Matos Correia, o executivo do PS tem tido um "comportamento" que "se tem traduzido no falhanço absoluto das suas funções", demonstrando "passividade e incompetência", as quais levaram "a estas tragédias ou ajudou a que ocorressem".
"Se é verdade que a decisão será tomada amanhã [quarta-feira], julgo que das palavras que acabei de proferir está de alguma forma antecipada a orientação que o grupo parlamentar irá adotar", continuou.
Questionado sobre uma eventual moção de censura autónoma por parte dos sociais-democratas, o deputado do PSD justificou a sua ausência porque, "em política, há várias formas de reagir a inações e incompetências do Governo", tendo o seu partido "diferentes meios" ao dispor para contrariar a ação política do executivo, através de outras iniciativas.
"Cada partido tem a sua maneira de agir e a sua história e tradição. Não é tradição do PSD apresentar moções de censura aos governos e continuamos a ser fiéis a essa tradição porque a consideramos a mais correta", acrescentou.
O regimento da Assembleia da República estipula que uma moção de censura ao executivo seja obrigatoriamente debatida no terceiro dia útil após a entrega formal no parlamento.
As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 41 mortos e 71 feridos, 55 dos quais ligeiros e 16 graves, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas. Uma pessoa está ainda desaparecida.
O Governo decretou três dias de luto nacional, entre hoje e quinta-feira.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.
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