De acordo com as autoridades de saúde de Gaza, controlada pelo movimento islamita Hamas, pelo menos 112 palestinianos foram mortos e mais de 750 ficaram feridos na quinta-feira, quando, segundo testemunhas, as tropas israelitas abriram fogo sobre uma grande multidão que correu para retirar mercadorias de um comboio de ajuda humanitária.
Israel disse que muitos dos mortos foram espezinhados numa debandada ligada ao caos e que as suas tropas dispararam contra alguns elementos da multidão que, segundo eles, representavam “uma ameaça” para os soldados.
Mohammed Salha, diretor interino do Hospital Al-Awda, disse à The Associated Press que 176 feridos foram levados para o hospital, dos quais 142 sofreram ferimentos de bala. Os outros 34 apresentavam ferimentos provocados por uma debandada.
A ONU e outros grupos de ajuda humanitária têm vindo a apelar à criação de corredores seguros para os comboios de ajuda, afirmando que se tornou quase impossível entregar os fornecimentos na maior parte da Faixa de Gaza devido à dificuldade de coordenação com os militares israelitas, às hostilidades em curso e ao colapso da ordem pública, com multidões de pessoas desesperadas a lançarem-se aos comboios de ajuda.
Os funcionários da ONU dizem que a fome é ainda pior no norte, onde várias centenas de milhares de palestinianos permanecem, apesar de a área ter sido isolada e quase toda arrasada desde que as tropas israelitas lançaram a sua ofensiva terrestre no final de outubro.
Há mais de um mês que as agências da ONU não entregam ajuda ao norte devido às restrições militares e à falta de segurança, mas várias entregas efetuadas por outros grupos chegaram à zona no início desta semana.
Um porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), Daniel Hagari, declarou na quinta-feira que os militares israelitas estavam, pela quarta noite consecutiva, a garantir a segurança do comboio humanitário, composto por cerca de 30 camiões, para que este chegasse ao norte da Faixa de Gaza.
O mesmo responsável negou que as forças tenham disparado sobre o comboio e disse que os tanques israelitas se “retiraram, de forma cautelosa”.
Israel lançou a sua ofensiva aérea, marítima e terrestre em Gaza em resposta ao ataque do movimento islamita Hamas a Israel em 7 de outubro, no qual os militantes mataram cerca de 1.200 pessoas, na sua maioria civis, e raptaram cerca de 250 outras.
Desde o início do ataque, Israel proibiu a entrada de alimentos, água, medicamentos e outros abastecimentos, com exceção de uma pequena quantidade de ajuda proveniente do Egito, que entra no sul do país através da passagem de Rafah e da passagem israelita de Kerem Shalom.
Apesar dos apelos internacionais para que seja permitida a entrada de mais ajuda, o número de camiões de abastecimento é muito inferior aos 500 que chegavam diariamente antes da guerra.
Segundo a ONU, um quarto da população do enclave, cerca de 2,3 milhões de pessoas, enfrentam a fome.
O Ministério da Saúde de Gaza declarou que o número de palestinianos mortos na guerra subiu para 30.228, com mais 71.377 feridos.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, disse que o derramamento de sangue de quinta-feira poderia atrasar os esforços de cessar-fogo, em que estão envolvidos os EUA, o Egito e o Qatar.
Os mediadores esperam chegar a um acordo antes do início do mês sagrado muçulmano do Ramadão, por volta de 10 de março.
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