
Anunciar, a seco, que uma surfista grávida de 16 semanas e um surfista com oito parafusos no pé e uma bota branca de proteção estão na lista dos surfistas em competição nas ondas de Supertubos, palco da 16.ª edição do MEO Rip Curl Pro Portugal Presented By Corona Cero, pode, à primeira vista, parecer mera ficção. Mas, não é.
As singularidades de Johanne Defay, grávida de quatro meses e de Frederico Morais, a recuperar de uma lesão contraída em dezembro e de uma operação ao pé direito há três meses, são histórias de carne e osso que apimentam a 3.ª etapa do Championship Tour (CT), circuito de elite da Liga Mundial de Surf (WSL), de visita a Peniche pela 16.ª vez.
A francesa Johanne Defay, 31 anos, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Paris2024, vencedora em título da etapa portuguesa (sexta vitória no CT) e única europeia do Tour, anunciou, previamente, a gravidez e mostrou a barriga de 16 semanas já durante a preparação para o evento de Supertubos.
Peniche será mesmo a última prova em que participa no ano, uma temporada em que soma o 9.º lugar na piscina de ondas de Abu Dhabi, tendo ficado de fora do arranque da época, em Pipe.
“Nos últimos 15 anos, tenho viajado pelo mundo à procura de um sonho de infância. Fechei o círculo, alcancei os meus objetivos, tenho mais de trinta anos e as perspetivas mudam, as prioridades evoluem. Para continuar a viver o meu sonho, preciso desta pausa para me dedicar a outros projetos... incluindo ser mãe”, escreveu no passado mês de fevereiro a francesa nascida nas Ilhas Reunião.
“Esta nova aventura significa que terei que colocar o circuito mundial em pausa pelos próximos meses, esperando estar de volta à minha melhor forma na próxima temporada”, acrescentou a surfista que já ultrapassou a barreira das 100 etapas disputadas (102) no Tour. Suspende a participação em 2025, mas deverá receber um wildcard de temporada da WSL para 2026.
Compete, pela quarta vez, em Supertubos, tendo conquistados em duas ocasiões o 5.º lugares (2022 e 2019). Terá pela frente no heat 3 da ronda inaugural Caitlin Simmers, norte-americana, vencedora em Peniche em 2023 e campeã mundial em título e a portuguesa Yolanda Hopkins, wildcard, pela segunda vez.
Se Johanne Defay se despede esta temporada do Tour em Peniche, Frederico Morais, sente a adrenalina, pela primeira vez, de um evento no ano de 2025, depois de uma operação ao tornozelo “há três meses” em resultado de uma lesão sofrida em dezembro. Começou a surfar “há uma semana e meia”, admitiu na véspera da décima vez que compete em Supertubos.
Apresentar-se-á na qualidade de wildcard na etapa portuguesa, e não como membro efetivo do CT, circuito onde competiu em 2017, 2018, 2021, 2022 e 2024 e ao qual quer voltar. “Quero requalificar-me. É difícil, mas já fiz mais do que uma vez e é mais uma”, frisou o surfista de Cascais de 33 anos, à margem da conferência de imprensa da 3.ª etapa do World Tour.
Kikas divide a bateria seis da primeira ronda ao lado de Italo Ferreira, atual líder do ranking com o bicampeão mundial e duplo vencedor de Peniche, único a repetir o triunfo em dois anos consecutivos e o havaiano, Seth Moniz (22.º da hierarquia).
A prova de elite na Praia de Supertubos, Peniche, cuja janela decorre entre 15 e 25 de março, arrancou na manhã de sábado, num dia de sol onde são esperados 40 mil pessoas.
"Amanhã (hoje) provavelmente vão estar cá 40 mil pessoas para ver os surfistas, que são os grandes artistas deste espetáculo”, previu Francisco Spínola, diretor-geral para a Europa, África e Médio Oriente (EMEA) da Liga Mundial de Surf (WSL) durante a conferência de apresentação do evento
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