O relógio marcava as 11:00, quando Guilherme Rodrigues, 60 anos, ex-funcionário da companhia, deu início à primeira das várias visitas guiadas que se vão realizar ao longo do ano.
A voz sábia e convicta de Guilherme, um entusiasta afincado do transporte subterrâneo, começou por transmitir um pouco da história da evolução do metro antes da abertura oficial, que aconteceu em 1959.
Aos jornalistas, admitiu que a sua paixão pelo metro nasceu quando começou a trabalhar ao serviço da empresa, onde permaneceu 33 anos.
“Eu não conhecia o metro, sou da província, nunca tinha andado de elevador quanto mais de metro”, disse, a rir.
Entretanto, por força profissional e interesse pessoal, este homem, que começou nas oficinas, passou pelos escritórios, pelas relações públicas e, agora, está nas visitas, foi nutrindo interesse pela história do metropolitano, pela pintura e pela arquitetura que tanto o caracteriza.
Guilherme Fernandes contou ainda que passava horas nos espaços constituintes do metro e a questionar os vários pintores acerca dos “porquês”, nomeadamente Vieira da Silva, Keil, Manuel Cargaleiro e Júlio Pomar, nomes sonantes da pintura metropolitana com as quais teve o prazer de contactar.
A viagem de hoje começou na estação da Avenida e prolongou-se pelas estações do Jardim Zoológico, Laranjeiras, Altos dos Moinhos e Colégio Militar/Luz, sendo que foram efetuadas paragens em todas elas e feitas contemplações aos elementos arquitetónicos e artísticos que compõe o metro lisboeta, “um dos mais bonitos da Europa”, como classifica Paula Oleiro, de 55 anos, uma das visitantes, que também garantiu que espera conseguir marcar presença nas próximas ocasiões.
Igor Lança, 19 anos, um dos visitantes, à conversa com a Lusa, admitiu que nutre gosto por transportes públicos, especialmente o metropolitano, que usa diariamente para se deslocar até à faculdade.
“Eu achei a visita muito interessante, fiquei a saber muita coisa sobre azulejos que não sabia (risos) e gostei principalmente da parte introdutória em que o senhor esteve a falar sobre a história da evolução do metro", acrescentou o jovem.
Em declarações à agência Lusa, a porta-voz do Metro de Lisboa, Helena Taborda, deu conta que objetivo primordial das visitas “é difundir o vasto património artístico e cultural” presente em todas as estações.
“Toda a estação tem uma história, uma intervenção plástica, uma escultura, uma arquitetura específica e, portanto, temos um largo património cultural e artístico nas nossas estações que também servem de alguma forma para criar um ambiente mais emocional e emotivo com o próprio cliente", acrescentou.
Apesar do epicentro das visitas guiadas ser o património cultural e artístico que compõe o metropolitano da capital, não escaparam alguns comentários relativos ao mau funcionamento do transporte público, que tem gerado muitas críticas nos últimos tempos.
Guilherme Fernandes, em conversa com o público já na última paragem (Colégio Militar/Luz), gabava o Metro de Lisboa, que no seu entender trata muito bem os funcionários, até que atirou, entre risos: “O metro só trata mal o cliente”, ao que um visitante aproveitou para perguntar “porque é que há tantos atrasos na linha azul?”.
De resto, as expectativas foram cumpridas, tanto da parte do guia, satisfeito com a participação, como dos visitantes, que no final agradeceram a sabedoria de Guilherme.
Para já, estão marcadas mais cinco visitas até julho, podendo as inscrições ser feitas no ‘site’ do metropolitano a partir de 2 de março.
Reportagem da Agência Lusa. Artigo atualizado às 18:45 com alteração do título.
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