“Sempre aceitámos analisar e debater de boa-fé propostas britânicas de reforço da cooperação. Aceitámos algumas delas, declinámos outras”, escreveu Castex no texto citado pela agência noticiosa francesa AFP.
“Não podemos aceitar, por exemplo, que polícias ou militares britânicos patrulhem a nossa costa; é uma questão de soberania”, sublinhou.
Boris Johnson tinha feito essa proposta numa conversa telefónica com o Presidente francês, Emmanuel Macron, a 25 de novembro, no dia a seguir ao naufrágio no canal da Mancha que fez 27 mortos.
A mesma proposta figurava igualmente numa carta de Johnson a Macron, cuja divulgação pelo Governo britânico irritou Paris e provocou uma nova crise entre os dois países.
Na sua carta, o primeiro-ministro britânico propunha também a França “um acordo bilateral de readmissão para permitir a devolução de todos os migrantes ilegais que atravessam o canal da Mancha”.
“Devolver os migrantes, para nós não é uma opção, não é uma maneira séria ou responsável de abordar a questão”, disse uma fonte governamental francesa, citada a coberto do anonimato.
“Mais de 700 polícias e guardas republicanos inspecionam diariamente a costa de Opala (norte), para impedir embarcações precárias de se fazerem ao mar” em direção a Inglaterra, indicou Castex na sua carta.
“Uma parte dessas operações é realizada com o contributo financeiro do vosso Governo, nos termos dos nossos acordos de cooperação”, recordou.
No entanto, prosseguiu o primeiro-ministro francês, “esses esforços apenas permitem conter o fenómeno, e não dar-lhe uma resposta duradoura”.
Por essa razão, apelou ao Reino Unido para adotar “uma política de retorno mais eficaz” e abrir “vias de imigração legal para aqueles que têm razões legítimas para querer ir” para o país.
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