Borrell apresentou esta proposta, numa gravação em vídeo, no âmbito do 18.º Fórum de Diálogo Espanha-Itália, a decorrer em Barcelona, Espanha, que teve na abertura os dois chefes de governo dos dois países, Pedro Sánchez, de Espanha, e Mario Dragui, de Itália.

O também vice-presidente da Comissão Europeia dedicou grande parte da intervenção a analisar a situação no Mediterrâneo, lamentando que a esperança na convergência entre as duas margens não se tenha materializado, e que tenha crescido o fosso económico, assim como o demográfico.

Admitiu que estes aspetos vão impulsionar fluxos migratórios, que terão que ser enfrentados tanto na vertente económica, como social.

Salientando interesses comuns de Espanha e Itália no Mediterrâneo, Borrell referiu também a sua posição pioneira na gestão das correntes migratórias, muitas vezes em condições difíceis, defendendo que a experiência que partilham deve ser usada numa política comum de migração da União Europeia.

“Uma política que nos faz muita falta e durante muitos anos fomos incapazes de construir”, disse o chefe da diplomacia europeia, acrescentando que uma política comum é necessária não apenas por razões humanitárias, mas no próprio interesse da união.

Referiu que a Europa necessita de imigrantes para inverter o declínio demográfico, manter o Estado Social e conseguir o desenvolvimento económico de todo o Mediterrâneo para assegurar a estabilidade geopolítica da região.

“Embora a União Europeia tenha encontrado a forma de apoiar o seu sul, ao nível do Mediterrâneo e ao nível global não pusemos em marcha mecanismos para que se ajude o sul global”, lamentou Borrell.

O responsável deixou ainda elogios ao papel destes dois países na concretização dos mecanismos financeiros para fazer face às consequências económicas da pandemia de covid-19, sublinhando que o acordo para os fundos europeus não foi fácil de alcançar, tendo sido necessário quebrar tabus como o de que não seria possível recorrer aos mercados de forma conjunta.

Borrell aproveitou ainda o momento para se referir ao conflito entre Israel e a Palestina e à necessidade de encontrar uma solução, agora que Benjamin Netanyahu deixou de ser primeiro-ministro, o qual, disse o chefe da diplomacia europeia, tentou garantir segurança com recurso a um sofisticado aparato militar.

“Segurança não é paz e sem paz nunca haverá segurança”, disse, acrescentando que talvez seja a hora de avançar com um novo processo negocial que evite o agravar do conflito e que o desespero dos palestinianos resulte em mais violência.

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