O novo presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel, prometeu esta quinta-feira continuar tanto a revolução de seus antecessores como a atualização do modelo económico iniciada com seu antecessor, Raúl Castro.

"O mandato dado pelo povo a esta legislatura é dar continuidade à revolução cubana em um momento histórico crucial, que será marcado por tudo que devemos avançar na atualização do modelo económico", disse Diaz-Canel no primeiro discurso como presidente perante a Assembleia Nacional.

"Miguel Mario Díaz- Canel, de 57 anos, foi eleito Presidente do Conselho de estado e do Conselho de Ministros da República de Cuba pela recém-constituída Assembleia Nacional do Poder Popular na sua Nona Legislatura, que está em sessão desde quarta-feira no Palácio das Convenções de Havana", informou o Cubadebate, o portal oficial cubano na Internet.

Designado como o único candidato na quarta-feira, este civil de 57 anos foi confirmado pelos parlamentares por um período renovável de cinco anos, com 603 votos dos 604 possíveis, ou 99,83% dos votos, informou o Cubadebate

O sucessor do mais novo dos irmãos Castro, que aos 86 anos abandona o cargo após dois mandatos, era até agora vice-presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, de 57 anos, único candidato proposto pela Comissão de Candidaturas Nacional (CCN) para encabeçar o órgão máximo de governação do país, o Conselho de Estado.

Ao reunir-se na quarta-feira para uma sessão de dois dias destinada a submeter a votação o nome do candidato apresentado e a nomear o novo Presidente da ilha caribenha, o parlamento cubano iniciou uma transição histórica, após seis décadas de poder exclusivo dos irmãos Castro.

Raúl Castro, o arquiteto da revolução de Fidel em Cuba
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Desde a revolução de 1959, Cuba só conheceu uma verdadeira transição na sua liderança: em 2006, quando o líder histórico, Fidel Castro, doente, passou o testemunho ao irmão mais novo, após 40 anos de poder não-partilhado.

Raúl Castro efetuou uma série de reformas outrora impensáveis, como a abertura da economia à pequena iniciativa privada, e, acima de tudo, realizou uma bem-sucedida reaproximação ao antigo inimigo norte-americano da guerra fria.

Em 2015, Cuba e os Estados Unidos reataram relações diplomáticas e, no ano seguinte, o então Presidente, Barack Obama, fez uma histórica visita à ilha.

Mas desde a chegada à Casa Branca do magnata republicano Donald Trump, a normalização de relações entre os dois países foi alvo de uma travagem brusca.

Fidel morreu no final de 2016 e é agora a vez de Raúl, de 86 anos, ceder o lugar a um representante da nova geração: o civil Miguel Díaz-Canel, um homem do sistema, vice-Presidente desde 2013 e que foi preparado para lhe suceder, representando há vários anos regularmente o Governo em missões no estrangeiro e cujas aparições na imprensa são cada vez mais frequentes.

Partidário da instalação generalizada da Internet na ilha, Díaz-Canel tem sabido transmitir uma imagem moderna, embora sendo parco em declarações.

Mas sabe também ser intransigente em relação aos dissidentes e a diplomatas demasiado inclinados a criticar o regime, como demonstrou um vídeo divulgado no ano passado na sequência de uma fuga de informação.

Antes da proclamação, previa-se que este engenheiro eletrotécnico nascido após a revolução se iria impor e prosseguir a indispensável “atualização” do modelo económico da ilha esboçado pelo mais novo dos irmãos Castro, o que poderá revelar-se uma missão difícil para um homem de perfil discreto que gravitou na sombra dos corredores do poder e que os cubanos conhecem pouco.

Pela primeira vez em décadas, o Presidente não terá conhecido a revolução de 1959, não envergará a farda verde azeitona e não dirigirá o Partido Comunista Cubano (PCC).

Mas poderá colmatar esse défice de legitimidade graças a Raúl Castro, que se manterá na liderança do poderoso partido único até 2021, cargo em que mobilizará a velha guarda dos “históricos”, na maioria reticentes em relação às reformas mais ambiciosas.

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