O advogado e fundador do PSD Miguel Veiga morreu hoje, no Porto, vítima de doença.

“Na sua vida política, nunca com ambição de poder, de ser ministro, por exemplo, conseguiu ser independente e corajoso, mesmo quando sabia ser muito mais cómodo alinhar com a maioria. Por isso, apoiou publicamente Mário Soares, quando o PSD apoiou Freitas do Amaral”, destaca Francisco Pinto Balsemão numa nota enviada às redações intitulada “Morreu o meu amigo Miguel”.

Balsemão destaca que “ao lado de uma vida cultural, profissional e social tão rica e em permanente ebulição”, Miguel Veiga “tinha uma atração permanente pela política”.

O também fundador do PSD recorda muitos dos momentos que viveu com Miguel Veiga, as suas principais características e qualidades, num texto com um pendor muito pessoal.

“Faz-me falta e vai continuar a fazer. Foi um grande companheiro de longas décadas em várias frentes”, afirma, recordando “um advogado brilhante, à antiga”, que “aceitava clientes que já sabia não lhe poderiam pagar os honorários”.

Francisco Pinto Balsemão recorda ainda que o social-democrata “foi deputado à Assembleia Constituinte” e que “saiu no Congresso de Aveiro, voltou mais tarde, reconciliado com Francisco Sá Carneiro”, um regresso no qual teve influência.

“No tempo em que fui Presidente do Partido, foi-me de uma fidelidade crítica que não esqueço”, lembra.

O antigo primeiro-ministro não esquece o “grande amor ao Porto e à Foz”, afirmando que Miguel Veiga “sempre lutou por causas concretas no Porto, apoiou os candidatos à Câmara que entendia, mas adequados, como sucedeu nos casos de Rui Rio e de Rui Moreira”.

“Nos últimos longos meses, foi-se apagando suavemente. Sempre lúcido, nas visitas que lhe fiz, na sua casa na Avenida do Brasil e nas conversas telefónicas, mas progressivamente menos interessado nos temas que eu procurava introduzir”, confidencia.

A Câmara do Porto anunciou que decretou três dias de luto municipal pela morte de Miguel Veiga, cujo funeral se realiza às 15:00 de terça-feira, no cemitério de Agramonte, no Porto.

Miguel Veiga nasceu no Porto a 30 de junho de 1936 e a sua dedicação à cidade permaneceu ao longo dos anos, bem evidente na ideia que defendia de que o seu “sotaque de ser é portuense”.

O “ilustre do Porto” manteve-se sempre ligado à cidade e esta agradeceu-lhe: em 2007 com a Medalha Municipal de Mérito – Grau Ouro e em 2015 com a Medalha de Honra da Cidade.