A lei prevê aumentos para algumas categorias de reformados, mas na perspetiva dos sindicatos agrava as condições de vida da maioria dos trabalhadores.
No centro de Atenas, pessoas de todas as idades e de diversas formações políticas uniram-se para defender o futuro das pensões de reforma. O sindicato dos atores promoveu uma atuação frente ao parlamento, em que uma bailarina associou a dança moderna a gritos de desespero, acompanhada por vários percussionistas, referiu a agência noticiosa Efe.
O Governo da Nova Democracia (ND, direita), que garantiu maioria absoluta nas legislativas de julho de 2019 na Grécia, pretende introduzir um sistema pelo qual os trabalhadores devem obter seguros de pensões individuais, adicionais ao seu seguro público, uma medida que os sindicatos definem como a privatização da segurança social.
A greve, convocada pela confederação sindical dos funcionários do Estado (Adedy), afetou principalmente os transportes, onde a paralisação foi total, com o total colapso do tráfego ao início da manhã.
Os sindicatos acusam o Governo de não ter cumprido a promessa eleitoral para este setor e de condenar os reformados a “pensões de fome para sempre”.
Apesar de a reforma prever diversos aumentos das pensões para quem descontou mais de 30 anos, os sindicatos assinalam que não compensam os cortes entre 20% e 60% que atingiram os reformados durante a “crise da dívida” grega (2010-2018).
A reforma reduz as cotizações dos empresários para a caixa de pensões, e ainda dos trabalhadores por conta própria com salários médios e altos, considerados uma minoria na Grécia pelo facto de 80% destes trabalhadores declararem um rendimento de menos de 15.000 euros anuais.
Na perspetiva do Governo conservador, o novo projeto-lei sobre as pensões destina-se a garantir a viabilidade do sistema até 2070.
Ao contrário dos sindicatos, o Governo entende que o projeto prevê aumentos para certas categorias profissionais e reduz as penalizações infligidas aos reformados que continuam a trabalhar.
Nas últimas décadas a Grécia reformou por diversas vezes o seu sistema de segurança social, caracterizado por excessivas despesas e apontado como um dos motivos da “crise da dívida”.
Duas reformas principais nivelaram as pensões, suprimiram numerosas caixas de segurança social e aumentaram a idade da reforma para 67 anos, devido ao envelhecimento da população.
Os sindicatos exigem o “restabelecimento do 13º e 14º mês”, suprimidos durante a crise e mantidos durante o governo dominado pelo Syriza (esquerda) do ex-primeiro-ministro Alexis Tsipras (2015-2019), e a redução da idade de reforma.
Esta foi a segunda mobilização contra o Governo eleito em julho. Em outubro, foi cumprida uma greve geral nos setores público e privado contra uma reforma sobre a liberalização do mercado de trabalho e destinada, segundo a maioria de direita, a atrair investimentos, uma prioridade do primeiro-ministro Mitsotakis.
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