Apesar de Park Geun-Hye ter feito na sexta-feira um discurso à nação, em que voltou a pedir desculpa ao país e afirmou aceitar ser investigada formalmente, aproximadamente 400 mil pessoas são esperadas hoje numa manifestação convocada para o centro da capital, Seul.

A polícia baniu os manifestantes de fazer uma marcha pelas ruas, sob o argumento de que congestionaria o tráfego, mas há a possibilidade de tentarem seguir rumo à Casa Azul, a sede da presidência, pelo que foram destacados 20 mil agentes.

Park Geun-Hye reconheceu, no discurso transmitido pelas televisões, que o escândalo envolvendo a sua amiga de longa data Choi Soon-Sil foi culpa sua, afirmando sentir-se “devastada”.

“Estes últimos acontecimentos são todos culpa minha, foram causados pela minha imprudência”, declarou, explicando que “baixou a guarda” relativamente a Choi Soon-sil acusada de se ter aproveitado da relação pessoal com a Presidente para aceder a documentos confidenciais e intervir em assuntos de Estado, incluindo na nomeação de membros do Governo ou na revisão de discursos.

Choi Soon-sil, de 60 anos, amiga íntima da Presidente, está a ser investigada por alegadamente se ter apropriado de fundos públicos e exercido influência na política do país, apesar de não desempenhar qualquer cargo público.

Na segunda-feira foi detida preventivamente até que na quinta-feira um tribunal de Seul aprovou formalmente um mandado de prisão, sob a acusação de prática dos crimes de fraude e de abuso de poder.

Este caso desencadeou a maior crise política que a Presidente Park enfrentou desde que assumiu o poder em 2013.

Milhares de pessoas — 100 mil segundo a organização e 4.000 de acordo com a polícia — já se tinham manifestado no passado sábado no centro da capital para pedir a demissão da Presidente, cujos índices de popularidade atingiram níveis mínimos.

A indignação dos sul-coreanos, incluindo de membros do seu partido, tem por base a ideia de que a Presidente foi manietada durante o seu mandato por Choi, a qual foi comparada pelos meios de comunicação social à figura de Rasputin.

A Presidente sul-coreana fez, nos últimos dias, uma remodelação governamental, substituindo nomeadamente o primeiro-ministro, na tentativa de responder à onda de críticas que se gerou no país devido ao caso conhecido como “Choi Soon-sil Gate”.

O Partido Democrático, o principal partido da oposição, considerou que as mudanças efetuadas foram uma operação de cosmética e advertiu que iniciaria uma campanha para que seja demitida a menos que medidas adicionais sejam tomadas.